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Cristãos e Judeus, a Origem Semita
(Jairo de Lima Alves/Samael Cohen)

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Cristãos e Judeus, a Origem Semita
A reação do mundo rabino diante da recente declaração do Vaticano em torno da postura dos cristãos no holocausto merece algumas considerações de ordem geral e desejo aproveitar desta oportunidade para compartilhar com os leitores de um modo geral. No entender de muitos estudiosos, o tema é de suma importância, em termos não só de ecumenismo, mas mesmo da própria definição histórica do cristianismo.
É importante a definição do respeitado historiador da universidade de Glasgow,Frend, que afirma que, até a época de Celso ou seja, até a década de 170 dC, o cristianismo é judeu. Nessa linha seria melhor abandonar de vez o confuso termo "judeu-cristianismo" e passar a considerar o cristianismo, nos primeiros 130 anos de sua existência, ou seja entre 40 e 170, como uma dissidência no seio do judaísmo. Isso é fundamental. Assim como o termo "judeu" no evangelho de João significa "os que não concordam com Jesus", assim também o termo "gentio" na expressão do apóstolo Paulo pode perfeitamente significar "os (judeus ou simpatizantes) que não praticam mais a circuncisão, ou as restrições alimentares próprias ao judaísmo ortodoxo".
Os evangelhos situam-se na época que podemos chamar de "afirmação presbiteral" (80-100). Os presbíteros, na realidade "rabinos da dissidência", insistem nas diferenças, compram brigas com os rabinos ortodoxos. Mexem muito com a tradição em torno do evangelho da paixão, fazendo crer - e hoje sabemos: erroneamente - que o povo judeu teria sido o responsável pela morte de Jesus. As terríveis palavras "Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" ainda se cantam nas liturgias, com grande desorientação dos fiéis. Resta uma tarefa difícil, delicada e importante: reconhecer que os evangelhos também não são imunes ao que chamamos de ideologia, e corajosamente tomar uma posição, pois como está escrito não está de conformidade com o que aconteceu: Jesus foi condenado por tribunal romano, segundo os procedimentos romanos. Isso está claro na pesquisa atual. No limiar do terceiro milênio nós temos que considerar isso, não é de forma nenhuma um assunto secundário, pois o ecumenismo com o judaísmo é o pai de todos os ecumenismos. Não adianta falar em ecumenismo sem considerar esse ecumenismo com o mundo judaico, de onde originou-se o cristianismo.
Quando Celso, na década de 170, desafia os cristãos a finalmente encararem o mundo "real", e portanto, a cultura helenizada, ele não encontra ninguém a respondê-lo à altura. Foram precisos 70 anos para que Orígenes finalmente reassumisse o diálogo, dando a conhecida guinada para o tema de que a unidade do império é uma predestinação monoteísta e que o imperador entra no plano do único Deus. O sucesso da resposta de Orígenes foi grande e o cristianismo aí espalhou-se com tanta rapidez, que Porfírio, apenas uns vinte anos após a resposta de Orígenes, declarou num tratado contra os cristãos que o cristianismo era pregado "nos cantos mais afastados da terra habitada".
Mesmo assim o cristianismo permanece uma religião semita, oriental, apesar das sucessivas ocidentalizações. Só quem lutar por conquistar uma sensibilidade semita pelas palavras, pelas imagens, pelo jeito de ser semita é que pode penetrar de verdade nos textos sagrados. Praticamente devemos tudo aos judeus. O verdadeiro ódio aos judeus que se percebe em eminentes padres da Igreja de Roma, deve ser definitivamente superado, pois não tem fundamento. Isso aplica-se a quase todo o pensamento cristão. O cristianismo nem de longe fez os esforços que se fazem necessários nesse sentido.
A cultura cristã ocidental de nossos dias permanece anti-semita, pois a perseguição aos judeus na Alemanha nos anos 30 não se deve unicamente ao nazismo. Em muitos lugares, os cidadãos, cristãos na sua grande maioria, colaboraram com gozo e exaltação à humilhação dos judeus. Foram "colaboradores benevolentes" como diz um livro recente, por sinal traduzido pela Companhia das Letras. Isso é a grande vergonha e nesse sentido a recente declaração do Vaticano vai no bom sentido, embora sendo largamente insuficiente.
Esse é um tema para os cristãos do Brasil. Nós não somos tão ocidentais como os europeus. Temos uma "fértil fronteira" com o Islã. É só observar o que trata o livro "Casa Grande & Senzala"). Também uma estreita ligação com os mundos africano e indígenas. Podemos colaborar na discussão e sobretudo conscientização, mesmo nesse tema que aparentemente pouco nos toca.



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