CULPA DA MAÇÃ
(Fabíola Carvalho)
Logo depois que Eva deu a maçã para Adão, o casal perdeu a moral e acabaram expulsos do paraíso. Ambos foram punidos por Deus, mas, na verdade, foi a mulher quem mais se prejudicou. Entre outras coisas, começou a parir, ato que até então tinha ficado sob a responsabilidade de Adão, ou melhor, de sua costela. Apesar dessa história, de original só ter o pecado, as mulheres adquiriram um complexo de culpa tão grande pela aceitação e a oferenda do fruto proibido, que se inferiorizaram nos milênios seqüentes, deixando para seus companheiros o tão famoso “mundo dos homens”. Para elas restaram a casa, os filhos e uma pensão no submundo da vida. Entretanto, depois de tanta penitência, começaram novamente a reassumir o seu papel na sociedade. Infelizmente, esta não constitui uma atitude global, pois ainda existe, só para dar um único exemplo, países onde as mulheres vivem escondidas atrás de uma tela árida chamada burca. Fazendo uma representação grosseira sobre a diferença entre homem e mulher, poderíamos afirmar que a mulher é conceito e o homem definição. Ao varão fica a atribuição de qualidades que o distingue e identifica; às damas o espírito, a alma e o juízo (muito mais sinuoso é o espírito, muito mais perigosa é a alma). Mas, nós mulheres, somos felizes andando por aí de mãos dadas, porém com as cabeças separadas de nossos parceiros; bem pior seria o contrário. O romance e a paixão também nos une, talvez, como a caixa de lápis de 36 cores, tão cobiçada na infância: tem azul turquesa, pink, amarelo ouro, verde água, rosa antigo, vinho, cinza e vinte e nove outras tonalidades.
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