Santa Evita
(Tomás Eloy Martínez)
Trata-se de uma das mais intrigantes histórias acerca de um mito,símbolo do peronismo no cenário político da Argentina.A primeira-dama,Eva Perón,a popularmente conhecida Evita,foi o ícone máximo da corrente proletária de seguidores de seu marido,o general Juán Domingo Perón.Evita foi um estrondo cujo abalo saído de Buenos Aires foi sentido por todas as províncias e cidades do país.Era intensa,veemente em seus discursos e teve grande aceitação entre a população operária e rural marcada pela miséria.Seus "grasitas",como ela os chamava,eram homens e mulheres,velhos e crianças abandonados ao descaso num país cuja atenção estava voltada a elite e aos negócios dos poderosos de uma capital requintada com ares europeus.Pelo menos era essa a oratória peronista que envolvia o povo num misto de esperança e adulação àquela que parecia a única a estender-lhes as mãos.Para outros,ela era a personificação do terror de uma ditadura hipócrita e autoritária,intolerante aos opositores.A alta sociedade,assim como o alto escalão militar e político do governo,não entendiam como uma mulher rude,mal letrada,com má fama,pôde ter concentrado e exercido tanto poder e autoridade.A vida e a morte,ou melhor,o post mortem de Eva Duarte ainda é povoado de versões diversas,o que causa discordância entrehistoriadores.Tomás Eloy Martínez em seu livro "Santa Evita",ressalta sobre a dificuldade em estabelecer uma total credibilidade e consequente confirmação de fatos e acontecimentos pesquisados,mesmo que de fontes aparentemente seguras e confiáveis.Por exemplo,a ata de casamento de Evita e o general,um documento atestado e assinado por um tabelião,contém dados falsos,Juán Perón é tido como solteiro e não viúvo,e,como idade,cidade natal e o próprio nome de Eva,sustentado como María Eva Duarte nascida em 7 de maio de 1922,contraditório à ata paroquial de Los Toldos que registra que Eva María Ibarguren veio ao mundo dia 7 de maio de 1919.Com seus outros quatro irmãos formavam uma família bastarda,já que seu pai era casado. Sua mãe o conheceu quando foi trabalhar em uma das fazendas que ele administrava.Corroborar um episódio necessita verificação para comprovação da veracidade de uma fonte,e mais outra,e assim por diante.Testemunhas muitas vezes só pode contribuir baseadas em reminescências de um passado longínquo ou incerto,com precisão difícil de se apurar.Uma mesma ocorrência pode sofrer mudanças consideráveis na sua interpretação pessoal,ou na sua propagação pública,ramificando-se em outras tantas conclusões.Teria Evita ido sozinha ou com seu irmão Juán para a capital argentina,atrás do sonho de ser atriz,morado ou não com ele?Ou ainda ido aos quinze anos com Austín Magaldi,o grande cantor da época,o príncipe da década de trinta,o "rouxinol argentino"?Nessa versão descrita por Martínez,depois de uma apresentação na cidade de Junín,onde Dona Joana Ibarguren,mãe de Eva,passou a morar com os filhos depois da morte do pai deles,pede a Magaldi que leve sua filha para Buenos Aires.Poderia apresentá-la aos figurões do cinema e da rádio e ingressá-la na carreira artística.O romance que Tomás Eloy desenvolve mescla elementos levantados de sua pesquisas sobre a vida de Evita,com outros de natureza fictícia(a imaginação do leitor às vezes se confundirá ) .Envolve-nos na trajetória que o corpo embalsamado de Eva Perón teria sofrido após a queda do governo de Perón.A existência de cópias do corpo,a maldição que tudo isso encerra...Uma história,uma fascinante leitura que despertará os sentidos para identificar aonde começa a verdade e onde termina a ficção...
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