Ética e a Realização Cinematográfica
(BasilFern)
A reflexão poderá nos surpreender, uma vez que grande parte do cinema moderno se estruturou a partir de uma evidente determinação em olhar certas formas de expressão como exalta o famoso texto The Tracking Shot in Kapo do critico de cinema francês Serge Daney, sem nunca ter havido antes, qualquer debate sobre a moralidade das formas das imagens. As fileiras de seres humanos despidos e em espera para entrarem nas cameras de gas, e que se podem ver no filme ‘Kapò’ de (1959), tornaram-se numa das mais iconográficas referências para o realizador Steven Spielberg no seu filme vencedor de Óscares ‘Schindler ’ s List’ de(1994). Nessa ocasião o realizador optou por não impor nenhumas restrições morais a si próprio e ao seu filme, recriou a sanção final, o momento em que as vitimas são gaseadas e exterminadas. Ele no entanto teve o cuidado de oferecer uma imagem a preto e branco do Holocausto. Mas a sua decisão não foi condicionada por um simples efeito estético, mas pelo desejo de proporcionar um simulacro. Assim o Holocausto foi reconstruído como uma ficção, tirando a estética de imagens documentais, como sua base. Neste caso, como em muitos pós-modernos produtos, o problema não era a retórica da imagem em si, mas uma via para os audiovisuais substituírem e camuflarem o mundo.
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