BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Noticias de Moçambique
()

Publicidade
Os deficientes e a exclusão social (Deficientes 1)Em mais uma semana da campanha africana, a pessoa portadora de deficiência, PPD, volta a exigir tratamento igual em todas as esferas sociais. É luta de há décadas, cujos frutos continuam a vir a conta-gotas. O Governo diz que vai continuar a promover acções para este grupo social, mas recomenda que maior ênfase deve ser dada na mudança de mentalidades discriminatórias.Helena está debaixo da chuva. Ela espera por um “chapa-100” (Transportes semi-colectivos usados em Mocambique) que a leve do Khongolote para a “Zona Vede” ou Benfica. Se chegar lá vai tomar outro que a leve para baixa da cidade de Maputo. Ela implora para o “chapa” parar. O motorista abranda a marcha, mas mal o cobrador nota que a viajante não tem pernas e por isso está apoiada em duas muletas de ferro, fecha a porta e ordena a marcha. O motorista cumpre a ordem do comandante cobrador. Dois minutos depois o autocarro, de 16 pessoas como lotação máxima, pára: mais duas, três, talvez dez apertam-se e entram. Aliás, cerca de vinte e cinco pessoas viajam enroscadas como macarau.Jonas lê um anúncio de uma vaga num jornal para o mesmo (jornal). Não obstante reunir todos os requisitos exigidos, não chega ao entrevistador porque o guarda lhe barra a entrada que dá acesso à secretaria. Devido ao empurrão dado pelo segurança, Jonas quase que cai, uma vez que anda apoiado em duas velhas muletas de madeira.Contrariamente à Ana, Jonas teve sorte porque apanhou autocarro dos Transportes Públicos de Maputo (TPM). Ana não teve essa sorte porque lá onde (sobre)vive esses autocarros ainda são uma novidade e desejo velho como o tempo, visto que também faltam estradas.Mas Jonas não teve tanta sorte assim: de Marracuene a “Anjo-Voador”, também na baixa da cidade, teve de se apoiar nas suas pernas de madeira. Ninguém se dignou a cedê-lo uma cadeira para se sentar. Como não pôde ter acesso à secretaria do jornal, tem de lutar para regressar, nas mesmas condições para a longínqua vila de Marracuene. Manuela, cerca de 30 anos de idade, está acompanhada do seu sobrinho de 10 anos, que a conduz de loja em loja para pedir esmola na cidade de Maputo. Já tentou um emprego, mas sem sucesso, não obstante ter frequentado muitos cursos promovidos na sua associação, onde é membro. De Hulene – onde mora – para “baixa” – onde pede favores a vários indianos ainda bons – Manuela e seu sobrinho-guia andam a pé porque ou não têm com que pagar ou, ainda que tenham, ninguém lhes “liga”.Ana, Jonas e Manuela: três nomes fictícios, três histórias verdadeiras no grande Maputo. Essas pessoas portadoras de deficiências PPD´s, que muitas vezes pedem clemência para sobrevivência, sabem o que é pobreza absoluta acompanhada de desprezo total à sua pessoa: vêm à cidade porque não têm nada em casa. Se é que têm casa! Fazem isso porque para eles é o melhor: andar, batalhar pela vida fora, incomodar a quem quer que seja. Nem sabem como isso se diz, mas é o melhor que sabem fazer.Não são as únicas a fazê-lo no grande Maputo e noutras cidades do país, mas é o grupo que mais dá nas vistas. Seminários, campanhas, conferências e “workshops” sobre PPD´s enchem arquivos e ouvidos de todos, ante a conivência de quase todos. Todos falam e reflectem. Acusam e apontam soluções. Às vezes, quando o prejuízo não lhe cai em cima até acham graça e riem-se delas.



Resumos Relacionados


- Noticias De Moçambique

- Noticias De Moçambique

- Noticias De Moçambique

- O Chamado De Deus

- V. Jonah



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia