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Será o fim da dívida externa brasileira?
De repente, uma das principais motivações de luta de uma geração é dada como extinta, sem maiores alardes, eventos ou solenidades. O tema da dívida externa, que sempre aglutinou vários segmentos de esquerda, gerando diversos protestos por parte dos movimentos sociais e estudantis, mais uma vez ganha espaço no cenário nacional, agora de uma forma inusitada.
Foi anunciado pelo Banco Central que este compromisso financeiro do Brasil com o exterior havia sido zerado, para a surpresa geral dos brasileiros. Na verdade, é preciso analisar com cautela uma informação dessa envergadura. Quando se diz que a conta foi liquidada, é porque a soma dos ativos - dinheiro, créditos, investimentos - aplicados no exterior é superior ao saldo devedor brasileiro. Teoricamente, o país poderia pagar a dívida com esse dinheiro que possui no mercado internacional.
Mas, para algumas pessoas, não é tão simples assim. O economista Rodrigo Vieira de Ávila, da Campanha Auditoria Cidadã da Dívida, vinculada à Rede Jubileu Sul Brasil, comenta que essa conquista exaltada pelo governo esconde outro grave problema, que é o endividamento interno. O fato de termos dinheiro em caixa suficiente para quitar a dívida, não nos exime do pagamento dos juros. O valor acima de 1,2 trilhão, divulgado na mesma data em que foi anunciada a suplantação do endividamento externo, mostra o tamanho do problema da dívida interna. Para se ter uma idéia da seriedade do assunto, só em janeiro de 2008 o Brasil teve que arcar com 13,4 bilhões em juros, aproximadamente o que gasta por ano com o programa social Bolsa-Família, por exemplo.
Divulgar que a dívida externa foi saldada não significa uma solução para o endividamento brasileiro, o qual ainda está longe de ser resolvido.
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