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O Ideal de Progresso e Desenvolvimento em Comte: o sonho que virou pesadelo - Parte 2
(Osmar Rufino Braga)

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2. O POSITIVISMO DE COMTE Para compreender o positivismo conteano, é necessário considerar os três temas básicos em torno dos quais organizou seu pensamento: 1) uma filosofia da história, através da qual apresenta as razões que justificavam o pensamento positivo; 2) uma fundamentação e classificação das ciências, em que o Filósofo procura fazer uma sistematização da Filosofia, estabelecendo um arranjo e uma ordem rígida e fechada de todo o conhecimento; 3) uma sociologia, em que determina a estrutura e os processos de modificação da sociedade, visando a reforma das instituições. Esses três temas básicos que estruturam o pensamento de Comte sintetizam o núcleo central de sua filosofia, radicada na idéia de que a sociedade só pode ser corretamente reorganizada através uma completa reforma intelectual do homem. 2.1. A Lei dos Três Estados O primeiro tema básico do pensamento conteano – a Filosofia da História – inicia fazendo alusão aos estados ou fases pelas quais passa todo ser humano na evolução de sua inteligência. Comte defende a noção de que as idéias dão direção e transformam a sociedade e é a evolução da inteligência humana que comanda a história. A forma como o ser humano pensa e apreende o universo indicará o nível de civilização e historicidade que a sociedade pode alcançar, dando a ela determinada ordem e lugar. Dizendo de outro modo, a forma de relação do ser humano com a natureza e a explicação que este apresenta dos fenômenos e fatos que o atingem demonstra o nível de desenvolvimento e progresso que sua sociedade poderá atingir do ponto de vista social, econômico, político e cultural. O espírito humano, segundo Comte, no esforço de explicação da realidade universal, passa por três estados diferentes: a) Estado Teológico. Segundo Comte, é o estado fictício, em que os fatos são explicados a partir de manifestações espontâneas; a origem de todas as coisas, as causas essenciais, tanto primárias quanto finais, dos fenômenos e fatos, bem como sua produção, atribuem-se a seres absolutos ou sobrenaturais. O mundo torna-se apreensível através de idéias de deuses e espíritos. O ser humano, nesse estado, acredita ter a posse absoluta do conhecimento, pois deposita nas divindades, a quem sempre recorre e confia, a explicação e resolução dos problemas. Para Comte, o estado teológico apresenta três períodos sucessivos: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. O fetichismo caracteriza-se, segundo Comte, pela atribuição "a todos os corpos exteriores uma vida essencialmente análoga à nossa, quase sempre, porém mais enérgica, em virtude de sua ação, de ordinário, mais poderosa". O politeísmo representa o predomínio especulativo da imaginação, em que os seres naturais são esvaziados de suas vidas anímicas e estas transportadas para seres fictícios, geralmente invisíveis, que agem ativa e continuamente, tornando-se a origem direta de todos os fenômenos exteriores. Comte considera esta fase bastante importante e chama a atenção para seu estudo, uma vez que, segundo ele, foi nela que o espírito teológico se desenvolveu com uma plenitude e uma homogeneidade nunca vista posteriormente. A terceira fase teológica – o monoteísmo – caracteriza-se por um "rápido decréscimo intelectual, como conseqüência espontânea desta simplificação característica pela qual a razão, unificando os deuses, restringe cada vez mais o domínio anterior da imaginação e permite desenvolver gradualmente o sentimento universal, ainda quase insignificante, da sujeição forçosa de todos os fenômenos naturais a leis invariáveis". O gênero humano, nesta fase, reúne todas as divindades em uma só, aumentando ainda mais o distanciamento entre os seres e seus princípios. Comte compara o Estado Teológico à infância da humanidade. b) O Estado Metafísico. Este estado, que para Comte corresponde ao período da virilidade da humanidade, é uma espécie de filosofia intermediária entre a teológica e a positiva; conserva o mesmo caráter essencial de tendência ordinária para os conhecimentos absolutos. A Metafísica, segundo Comte, tenta de fato explicar sobretudo a natureza íntima dos seres, a origem e o destino de todas as coisas, o modo essencial de produção dos fenômenos, mas não emprega os agentes sobrenaturais do estado anterior, substituindo-os por entidades ou abstrações personificadas. Comte denomina a Metafísica de Ontologia, uma vez que ela se preocupa com o ser e suas propriedades; não é mais a simples imaginação que predomina, embora também não seja a observação. Comte analisa que a Metafísica "é, pois, realmente, em essência, apenas uma espécie de teologia enervada pouco a pouco por simplificações dissolventes, que lhe tiram espontaneamente o poder direto de impedir o desenvolvimento das concepções positivas, conservando-lhe, contudo, a aptidão provisória para entreter um certo exercício indispensável do espírito de generalização, até que este possa enfim receber melhor alimento". c) Estado Positivo ou Real. Segundo Comte, é o estado cujo principal caráter é a observação e não a imaginação. A observação passa a ser considerada a única base possível dos conhecimentos realmente acessíveis e deve conduzir a um enunciado, particular ou geral, que lhe dá sentido e inteligibilidade. Para Comte, não importam as causas dos fenômenos, tampouco seus fins; importa sim, descobrir as leis que os regem, que explicam as relações entre eles, pois, segundo este filósofo, "não podemos conhecer realmente senão as diversas ligações mútuas próprias à sua realização, sem nunca penetrar o mistério da sua produção".



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