O Ideal de Progresso e Desenvolvimento em Comte: o sonho que virou pesadelo - Parte 4
(Osmar Rufino Braga)
2.3. Reformas das Instituições
Este é o terceiro tema básico da filosofia de Augusto Comte, que tem seus fundamentos teóricos na Sociologia que ele concebeu. Comte transforma a Sociologia na Política, tornando-a um instrumento voltado para realizar seu grande desejo: a reforma intelectual da humanidade e, por meio desta, a reorganização das instituições sociais. O contexto no qual Comte operacionaliza este sonho é o da Revolução Francesa (século XVII ), que, no seu modo de entender, exigia uma nova ordem, pois as instituições sociais e políticas vigentes não mais respondiam às exigências do estado positivo, uma vez que ainda predominava o estado teológico. Além disso, Comte acreditava que a Revolução, apesar de necessária, tinha sido realizada a partir de pressupostos metafísicos, o que exigia, segundo ele, a instauração do espírito positivo na organização das estruturas sociais e políticas. Para isso acontecer, seria necessária uma nova elite científico-industrial, capaz de pensar e formular o espírito positivo da sociedade e desenvolver as atividades técnicas correspondentes a cada uma das ciências, tornando-as bem comum.
É neste contexto, em que a Sociologia se propõe guiar todas as outras ciências, que ocorre uma mudança de perspectiva, caracterizada pela mutação do Comte filósofo em Comte profeta. É o período de regeneração, em que a filosofia comteana assume também caráter religioso. Comte passa a formular uma religião da humanidade, estabelecendo seus fundamentos, criando um calendário, com nomes de vários pensadores e com datas em que se comemorava as obras de muitos destes pensadores; um catecismo, que tinha como idéia central a substituição do Deus cristão pela Humanidade. Comte, nesse caso, era o grão-sacerdote da Humanidade, um "papa positivista". Este processo ocorreu nos últimos 15 anos da vida do Filósofo do Positivismo.
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