BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O Ideal de Progresso e Desenvolvimento em Comte: o sonho que virou pesadelo - Parte 5
(Osmar Rufino Braga)

Publicidade
3. A HERANÇA DA CONCEPÇÃO E DO PENSAMENTO POSITIVISTA E A VISÃO DE PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO Não é possível compreender o pesadelo que vive hoje a sociedade, principalmente a do lado ocidental, cuja situação foi caracterizada brevemente no início deste trabalho, sem fazer uma análise do que representou ou representa o positivismo no que se refere à idéia de progresso e desenvolvimento no contexto atual da humanidade. Defende-se a tese de que grande parte das mudanças implementadas no mundo ocidental em nome do progresso e do desenvolvimento, com seus impactos nefastos e destrutivos para o Planeta Terra e todas as suas formas de vida, ocorreu (e continua ocorrendo) e se sustentou (e se sustenta) num princípio fundamental da concepção positivista da história e da sociedade: a crença na dominação da natureza pela humanidade através da indústria e da técnica (Arruda, 2000). Consideramos o positivismo como uma maneira de ser, pensar, conhecer, relacionar-se e atuar no mundo, na natureza. Essa maneira de ser, pensar, conhecer, relacionar-se e atuar no mundo, na natureza, consolidou-se e instituiu-se de tal forma na sociedade ocidental que afetou todos os campos do conhecimento e todas as formas de promoção do progresso e desenvolvimento humano, social, econômico, político, cultural e ambiental. É necessário, pois, compreender criticamente o que representa a herança desta concepção na vida da humanidade, para, num esforço teórico e prático, estabelecer novos paradigmas que orientem nossa relação com a natureza e com todos os seres vivos, na busca e produção do conhecimento, progresso e desenvolvimento da Terra. O estado positivo de Comte toma corpo na história do Ocidente com a Idade Moderna, período em que a crítica filosófica e científica tentaram eliminar a explicação teológica e metafísica da vida e da realidade. É na Europa do século XVIII que, segundo muitos pensadores, a humanidade começava a viver uma vida realmente culta, civilizada. Muita coisa, a partir deste período, estava sendo superada: as superstições, as formas de escravidão, os mitos, as crenças, enfim, a explicação religiosa, sobrenatural, mitológica e a-histórica da vida e dos acontecimentos humanos e sociais. A razão se impõe e a ciência passa a oferecer a possibilidade de total domínio do gênero humano sobre as forças da natureza e a possibilidade de conhecer todas as leis que regulam a convivência humana, as que dizem respeito à produção da riqueza, ao ordenamento político e aos valores. Erigia-se então o projeto humano de existência esteado em bases sólidas e científicas, fortalecendo a Economia, a Política e a Ética. Estavam postas as condições para a implementação do ideal de progresso e desenvolvimento da humanidade, com base na razão e na vontade humana, no trabalho livre e esclarecido e no poder da técnica (Lara, 1996:45). Assim podemos afirmar: - O mundo humano, como mundo físico, político e simbólico, está profundamente marcado pelo positivismo; somos portadores de uma herança entranhada em nós, na imagem que temos do mundo, de nós mesmos e do nosso relacionamento com este mundo, produzida nas raízes desta forma de ser, pensar, conhecer, relacionar-se e atuar – o positivismo; - O positivismo no Ocidente impregnou nossa cultura, determinando nossa maneira de pensar e lidar com a realidade, humana e social. No núcleo central dessa maneira de pensar a realidade está a supremacia da razão e do ser humano como "senhor" da natureza; - Analisando, pois, a Filosofia da História de Comte, percebe-se que, na base da teoria dos três estados, a razão é o elemento central que será utilizado como parâmetro para negar uma determinada forma de pensar e explicar a realidade. - O positivismo de Comte consolidou na sociedade ocidental um modo de pensar e construir o progresso e o desenvolvimento humano e social, que tem como fundamento as concepções morais hedonistas, utilitárias e materiais da vida e da natureza; os sistemas político-econômico-sociais decorrentes dessas concepções se estruturaram a partir da dimensão material da existência humana. Foi assim na democracia moderna, cuja soberania é medida pelo número de votos; no liberalismo, que se sustenta no conflito material das forças econômicas; - A indústria e a técnica passam a ser os instrumentos fundamentais com os quais o gênero humano vai dominar e submeter a natureza, visando a produzir bens e acumular riquezas; progresso e desenvolvimento passam a ser entendidos de forma determinista, como busca infinita de superioridade material, em que cada descoberta, conquista e produção trazem em si sua superação, num movimento infinito de mudança, de passagem de um estágio imperfeito para um perfeito; passa a ser medido pela capacidade de domínio, acúmulo e produção de riquezas materiais.



Resumos Relacionados


- O Ideal De Progresso E Desenvolvimento Em Comte: O Sonho Que Virou Pesadelo - Parte I

- O Ideal De Progresso E Desenvolvimento Em Comte: O Sonho Que Virou Pesadelo - Parte 6

- A Noção De Progresso Social Em Marx

- Positivismo

- Comte E O Positivismo



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia