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O Ideal de Progresso e Desenvolvimento em Comte: o sonho que virou pesadelo - Parte 6
(Osmar Rufino Braga)

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4. ALGUNS PROBLEMAS E CONSEQUÊNCIAS DA CONCEPÇÃO E DO PENSAMENTO POSITIVISTA NA SOCIEDADE ATUAL Tomaremos como referência alguns teóricos da Escola de Frankfurt, trabalhados por Giroux (2000), procurando elencar, de forma sintética, os principais problemas e conseqüências do positivismo, considerando a herança desse pensamento para a idéia de progresso e desenvolvimento na sociedade atual. 4.1. Conhecimento reduzido à esfera da ciência. Fica evidente que o positivismo reduz o conhecimento à perspectiva científica e esta fica presa em torno de uma metodologia que limita a atividade científica à descrição, classificação e generalização de fenômenos sem cuidar da distinção entre o que não é importante e o que é essencial (Horkheimer, 1972).A conseqüência básica deste problema para a idéia de progresso e desenvolvimento é tornar absoluto o conhecimento científico em detrimento de outras formas de apreensão e interpretação da realidade. É por isso que há um grande desprezo pelas soluções sociais fundadas noutras racionalidades, que, se forem postas em operação na sociedade, com certeza apresentariam resultados significativos, promovendo também o desenvolvimento e o progresso da Terra. 4.2. Ciência separada dos fins e da ética Este problema é um dos mais graves na sociedade contemporânea, talvez o ponto de fulcro em torno do qual se concentra a responsabilidade pelas conseqüências que, estarrecidamente, presenciamos no momento atual, em termos de degradação da vida na terra. Alude-se, pois, segundo essa visão, a uma secundarização dos objetivos éticos do progresso e do desenvolvimento, da produção científica, que, nos tempos atuais, está voltada em grande parte para a defesa e promoção de interesses econômicos e políticos de uma parte do mundo, que controla o conhecimento e as tecnologias, para manter seu domínio, inclusive militar, sobre as populações no mundo. 4.3. Negação da subjetividade e do pensamento crítico. Em decorrência de sua "prisão" ao mundo dos fatos, ao imediato, o positivismo, segundo Giroux (1986:31), ameaça a subjetividade e o pensamento crítico, pois, "A questão da essencial – a diferença entre o mundo como ele é e como poderia ser – é reduzida à tarefa meramente metodológica de coletar e classificar os fatos"... As questões a respeito da gênese, desenvolvimento e natureza normativa dos sistemas conceituais que selecionam, organizam e definem os fatos parecem estar fora da preocupação da racionalidade positivista". Há, segundo este teórico, um "congelamento" dos seres humanos e da história, uma vez que a dimensão histórica contém verdades que não podem ser atribuídas a um determinado "ramo coletor de fatos da ciência" (Adorno, citado em Gross, 1979), embora, por exemplo, Comte diga que o homem " é um animal que tem uma história", "a herança do passado só torna possíveis os progressos do futuro" e "a humanidade compõe-se mais de mortos que de vivos".As conseqüências desse problema, para a nossa sociedade, do ponto de vista do progresso e do desenvolvimento, é que a mudança social fica restrita à dimensão material da existência humana, desconsiderando-se as demais grandezas dessa existência. 4.4. Desintegração entre poder, conhecimento e valores A visão contínua e linear da história e a idéia de ordem e progresso presentes no positivismo escondem a desarticulação e desintegração entre poder, conhecimento e valores, uma vez que "a realidade natural e as ciências naturais não conhecem as categorias históricas fundamentais: consciência e autoconsciência, subjetividade e objetividade, aparência e essência" (Jacoby, 1980, citado por Giroux, 1986). Giroux defende a noção de que o pensamento positivista, por não considerar as premissas paradigmáticas então citadas, por sua ênfase na objetividade e sua falta de fundamentação teórica com relação ao estabelecimento de tarefas, fica impedido de julgar a complexa interação do poder com o conhecimento e os valores, e de refletir criticamente sobre a gênese e a natureza de suas pressuposições ideológicas. Quais as conseqüências deste problema para a visão atual de progresso e desenvolvimento? Uma ordem, baseada na supremacia do projeto burguês, que domina o mundo pelo saber científico-técnico, que está na base de seu poder econômico e militar, gestando riqueza mesmo à custa de uma perversa taxa de iniquidade social e de grave degradação ecológica (Boff, 2000), sustentado na ética do individualismo, da competitividade, do utilitarismo e do hedonismo.



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