INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
(Lívia Brito de Oliveira Bueno)
Esta dissertação tem como objetivo analisar as semelhanças entre o trabalho de interpretação psicanalítica e o processo de criação artística, apontadas por Freud ao longo de sua obra, tendo como ponto de partida a citação feita por ele, no início do segundo capítulo da A Interpretação dos sonhos (1900), a uma carta redigida pelo filósofo -poeta Friedrich Schiller para um amigo que se queixava de falta de produtividade artística. Nesta passagem ele considera que o estado psíquico necessário para que a realização da analise dos sonhos e dos sintomas patológicos, no qual o sujeito deve renunciar voluntariamente a atividade crítica da censura, é semelhante a condição de criação poética. Em artigos subsequentes, Freud comenta a relação entre a arte e psicanálise, entre o desejo e seus diversos modos de satisfação elaborados pelo psiquismo, como: os sonhos, atos falhos e chistes presentes nas pessoas ditas normais e os sintomas neuróticos e psicóticos como a alucinação e o delírio. Deste modo, cultura e arte apresentam-se como caminhos empreendidos pela humanidade para conseguir lidar com seus desejos insatisfeitos. Mito, religião, ética e estética, se inserem como tentativas coletivas de procurar ressarcir a deficiente satisfação de nossas necessidades, assim como a neurose constituí-se numa tentativa de solucionar pela via individual os problemas de compensação dos desejos.
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