Sorôco, sua mãe, sua filha
(Guimarães Rosa)
SORÔCO, SUA MÃE, SUA FILHA
O conto retrata a família de Sôroco, composta por sua mãe e sua filha, infelizmente Sôroco terá de separar-se dessas duas mulheres que são sua única família, pois Sorôco era viúvo, ambas estão loucas e para conseguir tratamento para ambas é preciso que mudem de cidade, então Sorôco as coloca em um trem para Barbacena.
Sôroco, apesar de ser um homem robusto, obteve a compaixão de todos da pequena cidade onde vive ao vê-lo levar mãe e filha até o carro que as levaria para o hospício. Durante a caminhada até o transporte surgiu uma cantiga cantada por sua filha, a qual logo foi acompanhada pela mãe de Sôroco e este canto seguiu todo caminho, após a despedida, todos que viram a partida das duas mulheres saíram acompanhando Sôroco e entoando a cantiga que fora cantada pelas mulheres.
Toda essa cantoria pode representar no conto o sentimento de amor e tristeza sentidos naquele momento tão difícil para todos. O fato de Sorôco cantar a mesma cantiga é como se estivesse assumindo a loucura comum de estar carente.
Sentimentos esses que foram expressos de uma forma diferente, vista como loucura, mas que pode ser visto apenas como algo sem os limites da razão e sentimentos muito ricos, pois revela sentimentos desconhecidos.
Podemos ver pela interpretação de Oscar Lopes no ensaio de “Guimarães Rosa, intenções de estilo”:
O eixo da estória está naquele canto à toa, primeiro da moça, depois da velha, depois de sôroco, e por último entoado em coro. Na penúltima página, há um parágrafo que ajuda a compreender o “Até aonde ia aquela cantiga”. Eis o parágrafo: “Agora, mesmo, agente só escutava era o arcoçõo do canto, das duas, aquela chirimia, que avocava: que era um constado de enormes diversidades desta vida, que podiam doer na gente, sem júris prudência de motivo, sem lugar, mas pelo antes, pelo depois”. (LOPES, 1969: 27/8).
O tempo decorrido da escola é bastante curto, decorrido em duas horas, é o tempo que marca divisão na existência do personagem. A história é narrada depois de já ter acontecido, quase todos os verbos estão em pretérito, o que marca a distância entre o tempo discursivo e o tempo da história.
A mesma limitação de tempo, aparece no espaço, também limitado a estação de trem, mas que possui dois lados, o do vagão e o do arvore de cedro, onde a comunidade assistia à partida das “loucas”, a comunidade se “esconde” sob a árvore de cedro, como que para se proteger da loucura acometida as duas mulheres, assim o autor apresenta a marginalização da loucura, que pode ser vista também na estrutura do vagão do trem, com grades.
O narrador, é alguém que apenas acompanhou por fora os fatos, diante dos eventos ocorridos. O narrador está entre as pessoas que observavam na estação, porém não faz parte daquela comunidade, está ali apenas para observar o espaço, ações e ouvir o que falam, trata-se então de um narrador protagonista.
Sorôco era impotente diante da loucura de sua mãe e sua filha que resultou na separação da família, mãe e filha partem, sem volta. E o conto registra a dor da separação e a solidariedade da comunidade sertaneja. Sorôco era solitário, e por este motivo quase sempre em silêncio, não sabia se expressar pela voz.
As “Loucas”, por sua vez, não foram analisadas psicologicamente, só é transmitida pelo autor a aparência de ambas. A descrição das vestimentas dos personagens, principalmente de Sorôco, e a maneira como as ruas são tratadas, como Rua de baixo, onde Sorôco morava e Rua de cima, onde ficava a estação, percebe-se que o a classe social a qual pertenciam era baixa.
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