Discurso publicitário
(ELIETE CÁSSIA DA SILVA)
Discurso publicitário Eliete Cássia da Silva Graduada em Letras: Português/Inglês UUCC-UEG A função da publicidade é ou deveria ser primordialmente tornar pública, dar a conhecer a existência de certo produto ou serviço. Cabe a está apontar os diferenciais, vantagens, utilidade e levar, por diferentes modalidades de manipulação, o consumidor até o ponto de venda. Assim, a publicidade revela seu fazer-fazer, quando faz crer ao consumidor que o objeto modal para a conjunção dos valores de seu grupo está à sua disposição num ponto de venda próximo. Está ao alcance de suas mãos o fazer- ser. Segundo CARVALHO (1996), “quando se analisa a linguagem publicitária quase sempre se fala em manipulação”. Sendo assim, o público sabe e espera neste espaço (revista) ser bombardeado por mensagens persuasivas. Sabe que a única função destes textos é fazer circular ideologias dominantes ligadas a produtos ou ideais de beleza. Porém, a possibilidade ilusória de inclusão nesses ideais, faz com que o leitor invista seu precioso tempo e dinheiro na aquisição de cosméticos, tratamentos estéticos, roupas e acessórios entre outros. O sujeito é persuadido ou se persuade a aceitar os valores do grupo social almejado. Por esse motivo convencimento quanto ao valor posto em circulação, o valor do objeto ofertado passa pelo valor do valor. Reside aí o sucesso das marcas, pois o valor agregado ao produto é a garantia do desejo de consumo. Esse efeito de manipulação leva o leitor crer que ele pode/deve manter-se em conjunção com seu objeto-modal a partir de um bem adquirido. O consumidor adquire seu bem para saciar suas necessidades sociais. Agora está em conjunção com seu objeto-valor, ou melhor, o objeto-valor de seu grupo. Nessa perspectiva, o investidor aplica na divulgação do produto e cabe a mídia convencer o leitor a comprá-lo. Para esse fim são usados inúmeros mecanismos lingüísticos, verbais e visuais, que criam artifícios, expectativas, desejos que levarão os leitores ao ato que satisfatizará seus anseios: á compra. Nete sentido, percebe-se que o texto publicitário em sua interação comunicativa é uma narrativa que cabe no modelo canônico proposto pela semiótica de inspiração Greimasiana: ela está estruturada como a oferta de uma virtualidade, a de uma transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes, dependendo da reação do sujeito-destinatário, que se deixa ou não persuadir pelo discurso do outro, firmando ou não um contrato que o levará à fase do fazer- fazer do sujeito, de sua conjunção real com o objeto desejado.Em Nova, o aspecto da persuasão, estabelece a conjunção de fatores psicossociais que se encarregarão de construir as estratégias discursivas persuasivas. Assim, no caso dessa revista, o objeto-valor esta representado pela busca incessante da conservação do estereotipo. O estereotipo: mulher perfeita. A sedução e a persuasão possuem a função de perpetuar e assegurar essa ideologia sobre a Mulher. E o discurso publicitário contribui para convencer seus expectadores da existência consagrada desse estereotipo. Segundo Citelli (1995), os estereótipos possuem a característica de não abrir espaço ao questionamento “acerca do que está sendo enunciado, visto ser algo de domínio público, uma ‘verdade’ consagrada”. Desse modo, percebe-se que o que os ideais postos em Nova, são recebidos como verdade absoluta. O público feminino (leitoras) não questionam o estereotipo, ao contrário, com a aquisição da revista colaboram para o sucesso do mito. De acordo com Barthes (1970), “a função do mito é transformar uma intenção histórica em natureza, uma contingência em eternidade”. Neste sentido o autor ressalta ainda que: O mito, não nega as coisas; a sua função é, pelo contrário, falar delas; simplesmente, purifica-as, inocenta-as, fundamenta-as em natureza e em eternidade, dá-lhes uma clareza, não de explicação, mas de constatação: se constato [alguma coisa] sem explicá-la, pouco falta para que a ache normal decorrente da natureza das coisas: fico tranqüilo. (...) O mito faz uma economia: abole a complexidade dos atos humanos, confere-lhes a simplicidade das essências, suprime toda e qualquer dialética, qualquer elevação para lá do visível imediato, organiza um mundo sem contradições, porque sem profundeza, um mundo plano que se ostenta em sua evidência, cria uma clareza feliz; as coisas parecem significar sozinhas, por elas próprias. (1970: 163 –164; grifos no original) Nesse sentido, o mito em relação à mulher(amante ideal, profissional exemplar, formas corpóreas feritas) se firma na medida em que sua força transformadora e sua auto-afirmação crescem no meio social. Há uma constante cobrança e uma necessidade de se provar o tempo todo que somos merecedoras do lugar que ocupamos, seja este qual for. Isto, de certa forma, influencia o nosso jeito de ser e até mesmo as relações que mantemos com as outras pessoas. Haja vista que “a publicidade impõe, nas linhas e entrelinhas, valores, mitos, ideais e outras elaborações simbólicas” Carvalho (1996), determinando assim o papel de cada um no espaço cultural. Em Nova, destaca-se a promoção e conservação de mitos responsáveis por estabelecer a mulher como detentora do poder de deusas. A “mulher de Nova” tem dupla jornada de trabalho, coloca a sua carreira profissional em primeiro plano, fica atenta as oportunidades de estudos – pós-graduação, MBA ou uma segunda Língua- com a intenção de dar upgrade a sua independência financeira, e, contudo, não deixa de estar sempre impecável. Assim, utilizando-se da estratégia de solidariedade para com a mulher, como forma de persuasão, Nova aponta que “a solução dos problemas criados por essa dupla função está no consumo de mercadorias, ela é de uma consistência total com o papel da propaganda” (CARVALHO, 1996).
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