Adeus Mistérios
(Guy de Maupassant)
Em trechos deste texto pode-se notar ao mesmo tempo a descrença de Guy de Maupassant no misterioso guiado pela superstição, religião, preconceitos burgueses etc., e a desilusão em relação à falta de mistérios trazida pelo Naturalismo. Parece que Maupassant não quer nem uma coisa nem outra: nem a infantilidade das crenças nem a explicação cartesiana, científica, a tudo.
Adeus Mistérios e O Fantástico tem fortes tons naturalistas que mais tarde darão vez, novamente, ao gênero literário fantástico, por Maupassant, na medida em que a sífilis avança e ataca seu cérebro. A seguir alguns trechos de Adeus Mistérios:
"Adeus mistérios, velhos mistérios de velhos tempos, velhas crenças de nossos pais, velhas lendas infantis, velho cenário do velho mundo!" "Sim, viva a ciência, viva o gênio humano! Glória ao trabalho deste pequeno animal pensante que levanta um a um os véus da criação!"
"A noite não nos apavora mais, já não tem nem fantasmas nem espíritos para nós. Tudo o que chamávamos de fenômeno é explicado por uma lei natural. Não acredito mais nas histórias ignorantes de nossos pais. Eu, por mim, chamo de histéricos os que viveram milagres. Eu raciocínio, eu examino, eu me sinto liberto das superstições."
"(...) Nós suprimimos o invisível. E, assim, tudo me parece mudo, vazio e abandonado!"
"(...) Como gostaria de acreditar em alguma coisa vaga e terrificante que imaginamos perceber passar na sombra! Como as trevas das noites deviam ser mais negras outrora, fervilhando com todos estes seres fabulosos!"
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