Quando a idade não conta...; as diferentes idades na mesma idade
(Revista sábado)
A idade aparente. Numa sociedade em que a imagem e a informação assumem uma importância crucial as pessoas têm medo de parecer velhas. É um medo irracional mas compreensível porque resulta do facto de termos construído uma sociedade ávida de juventude, acção e novidade, obsessivamente consumista e devoradora de imagens. Já não é apenas o envelhecer que assusta mas também o ficarmos fora de moda (na aparência, no vestuário, no penteado, nas ideias, nas crenças, etc).
A idade psicológica. O médico Deepak Chopra, citando um velhinho bem-humorado, escreveu que "temos a idade que acreditamos ter". Todos sabemos como os pensamentos são poderosos. Eles estão por detrás da maioria dos nossos comportamentos conscientes e atitudes. Uma mente saudável é uma mente por natureza sempre jovem e resistente ao tempo que passa e às suas vicissitudes. Uma vida com projectos e objectivos sensatos altera a percepção que poderíamos ter do envelhecimento se apenas ficássemos passivamente à espera da morte. Por isso mesmo, em muitas pessoas, a idade psicológica difere (para melhor ou para pior) da idade cronológica.
A idade cronológica. O famoso paleontologista (já falecido prematuramente) Stephan Jay Gould alertou-nos para a "falsa medida do Homem" e as crenças em torno dos instrumentos de avaliação da inteligência, do desenvolvimento cognitivo, etc. Não sei porquê, ao escrever este comentário, ocorreu-me pensar nisso. É que a idade cronológica, porque se baseia na noção de tempo mensurável (calendarizado), conduz facilmente a preconceitos e ideias tortuosas. No Ocidente moderno e industrializado ser idoso é ser velho e decrépito, ignorando-se toda a sabedoria e maturidade adquiridas por uma vida de aprendizagens e experiências. Os idosos limitam-se, na maioria dos casos, a sobreviverem dia-a-dia encarando a morte como uma libertação. Mas em muitas sociedade antigas do Oriente, com outras culturas e entendimento do mundo, ser-se velho é ser-se dono do saber, da maturidade e da prudência. Ali ninguém tem medo de envelhecer e o calendário tem apenas uma importância relativa.
A idade emocional. A idade emocional está associada à maturidade. O auto-conhecimento e a boa governação da emocionaliade conduzem a relações interpessoais sadias e serenas, reduzem o stress (causa de doenças e envelhecimento) e facilitam expansão da consciência que nos permite vivermos a sensação de travar a "caminhada" do tempo.
A idade biológica. Sob o ponto de vista físico-químico esta é a idade que acompanha a entropia, as mudanças provocadas pelo tempo que passa e o envelhecimento. Hoje em dia, com a melhoria dos cuidados de saúde e a irradicação de muitas doenças que antigamente dizimavam populações inteiras, a esperança de vida aumentou. Podemos lutar contra a entropia através da adopção de estilos de vida harmoniosos e compatíveis com os nossos sonhos. A alimentação, o descanso adequado (dormir as horas necessárias à recuperação) e uma vida activa ajudam os nossos genes e as nossas células a manterem-se jovens e flexíveis por mais tempo.
A idade espiritual. Para além das energias do corpo existe certamente uma energia subtil que percorre uma realidade que está protegida do envelhecimento e dos factores negativos da entropia. É a energia espiritual que reside na essência do nosso ser. Trata-se de um campo de não mudança (como escreveu Chopra) que está presente na personalidade de cada um e que influencia os nossos pensamentos, comportamentos, escolhas e decisões.
A idade social. Sendo o homem um ser social, as relações entre os indivíduos são vitais para a evolução, tanto a nível pessoal como colectivo. As pessoas que sabem interagir com os outros e bsaeiam os seus comportamentos em valores, normas e pensamentos (e ideologias) que defendem a solidariedade, a fraternidade e o interesse social e colectivo sentem-se úteis e integradas e, por isso mesmo, mais jovens e activas.
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