O mulato
(Aluísio de Azevedo; Machado de Assis)
Breve Resumo
Tema: Preconceito racial e anticlericalismo
Narrador na terceira pessoa, onipotente e onipresente.
Personagens Principais: Ana Rosa, Raimundo, D. Maria Bárbara, Dias, Cônego Diogo e Manuel Pedro (Pescada).
Enredo: Ana Rosa é uma típica filha de comerciante da época. Raimundo seu primo é um intelectual, porém é discriminado devido a sua origem escrava. A família da moça é contra a união destes dois. Linguagem: simples e fácil de ser compreendida, embora traga alguns termos que se acredita serem próprios da época.
Representações
O autor demonstra opinião oscilante a respeito do negro, do mulato e da escravidão.
No começo do livro pensa-se que este é claramente contra a escravidão mostrando que os escravos eram tidos como animais. Em algumas ocasiões os personagens se referem aos negros como “sujos” e aos mulatos como “cabras”. Esta fala pode ser indicio de duas interpretações: A primeira de que ele compartilhava desta opinião, pois este tratamento dispensado aos negros e aos mulatos é muito comum em toda a obra. E a segunda, que o autor queria abrir os olhos da sociedade para o problema da escravidão.
Esta dúbia interpretação pode ser vista também em outros trechos da obra: “_ Dantes, os escravos não tinham o que fazer!... Já não há tarefa! Já não há cativeiro! É por isso que eles andam tão descarados! Chicote! Chicote, até dizer basta! Que é do que eles precisam.
Havia, uma rivalidade entre portugueses e brasileiros, muito grande nesta época. Pode-se então questionar o que vinha ser o tipo tipicamente nacional?
Esta questão vinha da preocupação de se construir uma identidade nacional. O negro era visto como estrangeiro e apesar de sofrer com saudades de sua terra (banzo) sua vida só foi tratada por Aluísio depois de sua chegada ao Brasil.
O mulato foi escolhido por Aluísio para representar o genuíno brasileiro, embora sua prática literária o contradiz, pois o Mulato (Raimundo) era um homem estudado e com o qual se podia ter negócios, mas não se podia casar.
Ainda assim os tipos genuinamente nacionais tinham preconceito de raça como no trecho que fala a respeito do Senhor Sebastião Campos, casado com a irmã mais velha da mãe de Ana Rosa. “Um tipo legítimo do Maranhão; nada porém, tinha do outro senão o orgulho e a birra aos portugueses, a quem na ausência só chamava ‘marinheiros – puçás – galegos’. “Não cochilava com os seus escravos. Na roça era temido até pelo feitor; um pouco devoto e cheio de escrúpulos de raça.
É interessante notar que o Sebastião Campos tinha birra aos portugueses, mas era casado com a filha de portugueses, pode-se concluir então, que a prática era muito diferente da teoria.
Em algumas há a exaltação do mestiço como em: “Uma mulata obesa cortou o nó-górdio declarando que o ramalhete bem podia ir escondido por debaixo do hábito. Todos concordaram logo”.
A obra também trata da separação que havia na família dos escravos. “ Mônica orçava pelos 50 anos; era gorda, sadia e muito asseada; tetas grandes e descaídas dentro do cabeção... Desde que amamentara Ana Rosa dedicara-lhe um amor maternalmente extremoso, uma dedicação desinteressada e passiva. Iaiá fora sempre o seu ídolo, o seu único ‘querer bem’, porque os próprios filhos, esses lhos arrancaram e venderam para o Sul.”
Raimundo desde pequeno sofria com o preconceito: “Não gostava de outros meninos, porque lhe chamavam ‘macaquinho’ no colégio em Portugal”. Mas ele desconhecia a razão de tudo isto, assim quando chegou ao Maranhão, não compreendeu porque lhe eram tão “fechados” tão cheios de precauções. Esta dúvida só foi esclarecida quando pediu a mão de Ana Rosa em casamento e recebeu uma negativa.
Manuel não queria dizer-lhe porque, mas Raimundo exigiu uma justificativa, e Manuel finalmente a deu: “Recusei-lhe a mão de minha filha, porque o senhor é filho de uma escrava! – O senhor é um homem de cor! _ O senhor foi forro á pia, e aqui ninguém o ignora! _ O senhor não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!”.
Desde esta resposta, Raimundo sentia ainda mais vontade de ir embora daquela província, porém o amor de Ana Rosa o impedia. Esta estava disposta a lutar contra todo preconceito. Ana Rosa engravidou e então o Cônego Diogo a fez confessar que estava grávida este se aliou ao Dias para separar o casal.
3. Histórico Social
O romance naturalista foi escrito no Maranhão, em 1881. No mesmo ano do lançamento de O Mulato, Machado de Assis lançava Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra realista. Esta não foi recebida com grande estardalhaço, pois não fazia nenhuma crítica profunda a Igreja ou a escravidão.
Aluísio foi influenciado por Eça de Queirós grande escritor português que mais tarde se tornou profundo admirador de Machado de Assis.
A obra lida sem uma olhar histórico, não passa de mais um romance. E assim como a abolição, não resultou na inclusão do negro. A obra e os autores em geral tinham uma certa dificuldade de lutar na prática por ela. Eles lutavam quando assim os convinha, pois Aluísio se tornou diplomata, o que quer dizer que era político. E como ele vivia da literatura precisava escrever para vender e por isso não escrevia necessariamente seus pensamentos.
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