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Como Tratamos a Doença Coronária*
(Quintiliano H. de Mesquita; Cardiologista)

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O paciente que procura o cardiologista para avaliação do estado cardíaco vem movido por alguma suspeita causada por sintomatologia recente, pelo desejo de checar a sua saúde ou como conseqüência de ocorrências clínicas em pessoas de sua família ou do seu meio social e surpresas fatais em indivíduos aparentemente normais.

Essas pessoas que chegam assim ao cardiologista são facilmente identificadas como em condições fora de seu estado basal e do equilíbrio neuropsíquico, temerosas e assustadas com o veredicto final do examinador. São dominadas pelo medo da transformação súbita de pessoa normal em cardíaco preconceituosamente limitado em seus horizontes, postura e no tempo de sobrevida. Tanto isso é verdade que muitos indivíduos normais e suspeitosos mentalmente quanto a sua integridade cardíaca, permanecem assim e vivem infelicitados pela dúvida atroz, mas não se aproximam do cardiologista porque simplesmente temem ser obrigados a penetrarem nas trevas de um horizonte sombrio, com mudanças drásticas e percurso por sofridos caminhos para um futuro incerto e de poucas esperanças.

Um simples exame cardiológico de breve duração é sempre ornamentado pela condição psicológica de ser ou não ser, de estar ou não estar, de sofrer ou não sofrer, de entrar na escuridão da dúvida e sair para o clarão da certeza, da euforia e do momento de felicidade ou sair dali mutilado e inferiorizado com uma sentença de nova condição de cardíaco recém-criado, desmoronado dentro de si mesmo e atônito para caminhar no próprio destino, na direção do desconhecido sob o imponderável reacional do instinto de conservação que passa a presidir a sua vontade e reações conscientes e inconscientes, emprestando-lhes forças para decisões frente a verdade.

Nessa altura dos acontecimentos, o coronariopata ou o coronário como geralmente o designamos, sem o sufixo deprimente de patia ou doença, torna-se vulnerável e experimentando o momento crucial de fraqueza absoluta, mas movido pela confiança e vigorosa fé, transfere o comando hipnótico a seu novo guia, o cardiologista que, por dever de sagrado ofício, passa a conduzi-lo; e, como autômato e hipnotizado, passa a receber em curta sessão de esclarecimento complementar a verdadeira informação sobre a sua condição clínica resultante, essencialmente, de predisposição genética, sua vida de participação ativa frente às diversas situações diuturnas, dentro de novos parâmetros e de conduta, tendo como objetivo a exclusão dos fatores de risco de agravantes para sua capacidade física.

A terapêutica medicamentosa deve ser justificada quanto ao sentido de caráter permanente, objetivando a necessidade da preservação do estado funcional do coração e da prevenção contra as complicações futuras, garantindo assim a ajuda necessária aos recursos da própria Natureza, envidados no sentido de automática e espontaneamente e no momento preciso, contornar os efeitos miocárdicos do processo obstrutivo aterosclerótico progressivo que caracterizam a coronariopatia crônica, desenvolvendo uma circulação compensatória colateral, constituída por novos vasos arteriais abertos e ampliados pela necessidade de suprimento sanguíneo vital para as regiões miocárdicas dependentes dos vasos diretamente afetados e assim efetivamente substituídos pela nova rede de auto-revascularização miocárdica.

É importante fornecer a informação sobre a história natural da doença coronária crônica, respeitando o equilíbrio neuropsíquico do paciente, não superestimando a incidência da probabilidade do enfarte agudo do miocárdio e de outras complicações, como tem sido observado em manifestações do grupo intervencionista, porque é sabido que, obrigatoriamente, a coronariopatia não tem o enfarte como o seu destino. Portanto, o paciente deve ser informado sobre os procedimentos de pesquisa diagnóstica e de terapêutica médica e cirúrgica, momento em que o mesmo deve ser cientificado com toda franqueza sobre a filosofia que norteia a conduta do seu cardiologista e sua posição quanto aos demais métodos de tratamento e diagnóstico para que o paciente tenha o sagrado direito de escolha, livre de tensões agravantes e sentenças de sofrimento e morte.

Nosso procedimento, há mais de quarenta anos, mantém-se - do ponto de vista diagnóstico - da maneira mais simples e suficiente para uma assistência racional e sem redundâncias confirmatórias; fundamentamos o diagnóstico na história da doença atual, na pesquisa eletrocardiográfica condizente com o caso, radioscopia do tórax e o reconhecimento da bioquímica sangüínea como ponto de partida.

O caso é assim identificado e a terapêutica é medicamentosa, representando o que podemos de melhor oferecer com a intenção de atender e amparar a condição miocárdica, completando os efeitos da circulação colateral coronária, na preservação funcional miocárdica e prevenção do enfarte miocárdico, insuficiência cardíaca e acidentes arrrítmicos graves e a morte súbita.

Assim, não nos interessamos pelos métodos que visam modificar diretamente a anatomia patológica coronária através da angioplastia coronária transluminal e/ou implantação de ponte safena ou anastomose de artéria mamária, porque estamos habituados a tratar de casos rejeitados pela cirurgia cardíaca com coronárias severa e totalmente obstruídas com colateralização coronária bem desenvolvida, registrando-se longa sobrevida e sem ocorrência de enfarte ou reenfarte.

Faz-se necessário que os cardiologistas clínicos retornem ao equilíbrio de nossos antepassados e a verdadeira condição do respeitoso e hipocrático "Primum non nocere", abandonando essa aventura cirúrgica que não atende aos verdadeiros objetivos e nem alcança os resultados da terapêutica clínica, verdadeiramente ajustada às necessidades do coração frente a coronariopatia crônica e conseqüente miocardiopatia isquêmica, assistindo a Natureza que é sábia e pródiga nos seus valiosos e vitais recursos.



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