O despudor inglês com a comida
(Ideia de site; conteudo e composição minhas)
Adoro o jeito como os ingleses vêem a comida. Num país com tantas regras e tantos "please do not", é absolutamente fascinante ver as pessoas comerem nas bibliotecas (juro), nas salas de aula, nas escadas, nos comboios, nos corredores (em pé) e nas suas próprias secretárias (depois é só virar o teclado ao contrário e sacudir as migalhas). Vale tudo. Acho que nunca pararam para pensar que os terroristas podem trazer uma bomba escondida dentro do kebab.Agora, falando sério. Eu, que preciso comer de três em três horas (coisa de metabolismo), morro de inveja do rapaz que consegue comer uma banana no meio da aula de "Narratives". Ele descasca e devora a banana sem o menor desrespeito pela professora (e, convenhamos, embora a banana seja uma fruta como outra qualquer, ela não deixa de ter a sua simbologia fálica - e é talvez por isso (pura especulação) que os portugueses não comem bananas nas salas de aula e nas reuniões de trabalho, embora o café e as bolachas cheias de açúcar e gordura sejam aceites com toda a normalidade do mundo; você até come uma bolachinha com cobertura de chocolate na frente do director, mas jamais uma banana). Aliás, o tal aluno da banana (ele também leva pão com queijo, às vezes, mas está longe de ser o único) continua muito atento a tudo que a professora diz, como se nada estivesse acontecendo. A verdade é que não está acontecendo mesmo: comer é algo absolutamente normal e humano, sobretudo para quem veio a correr para a universidade e não teve tempo (nem dinheiro) para almoçar adequadamente.Eu já tive coragem de levar a minha caneca de café para a sala de aula, mas banana, bem, banana ainda não. Vou começar pela maçã.
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