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Novos Ensaio, Livro III As palavras (capitulo 2)
(LEIBNIZ)

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CAPÍTULO II A significação das palavras. Sendo as palavras empregadas pelos homens para serem sinais das suas idéias, podemos perguntar: como é que estas palavras receberam um sentido determinado? Ora, temos que convir em que tal acontece, não por algum nexo natural que existiria entre certos sons articulados e certas idéias, mas em virtude de uma convenção arbitrária, em razão da qual uma certa palavra se tornou o sinal de uma certa idéia. As significações das palavras são arbitrárias, e é verdade que não são determinadas por uma necessidade natural. Todavia, não deixam de ser determinadas por motivos às vezes naturais. Existe algumas línguas artificiais, e todas devidas á escolha convencional e inteiramente arbitrárias. Formam-se também línguas pelo relacionamento entre diversos povos, seja misturando indistintamente línguas vizinhas, seja tomando uma por base, estropiando e alterando-a, mesclando e corrompendo-a, negligenciando e mudando o que ela observa como próprio e mesmo acrescentando-lhe outras palavras. No que concerne às línguas que existem há muito tempo, não existe nenhuma que não esteja hoje profundamente alterada. Isto é evidente se as compararmos com os livros e os monumentos antigos que delas permaneceram. Contudo, essas línguas procedem de uma fonte única, podendo ser consideradas como alterações de uma mesma língua, que se poderia denominar o céltico. Assim sendo, nada há nisto que contrarie ou que não seja a favor da tese da origem comum de todas as nações e de uma língua radical e primitiva. Contudo, supondo que as nossas línguas sejam derivadas, quanto ao fundo possuem algo de primitivo em si mesmas, que lhes sobreveio com relação a palavras radicais novas, formadas nelas depois, por acaso, mas com base em razões de ordem física. As palavras que significam os sons emitidos pelos animais constituem exemplo disto. E quando uma pessoa fala com a outra, o que quer é pronunciar sinais das suas próprias idéias, uma vez que não pode aplicar palavras a coisas que não conhece. E se pretende designar antes o que outros pensam, do que aquilo que a pessoa mesma pensa, como ocorre com demasiada freqüência com os "leigos" que têm uma fé implícita, por mais irracional e destituído de inteligência que seja o pensamento; e no mínimo se toma cuidado para dispor as palavras segundo o hábito dos outros, contentando-se com pensar que se poderia compreender o sentido, em caso de necessidade. Assim, por vezes não passamos de intérpretes dos pensamentos, isto é, de portadores da palavra de outros, como o faria uma carta. Diria mesmo que isto acontece com freqüência maior do que se pensa. Assim, uma criança, sem notar no que ouve denomina ouro outra coisa senão uma cor amarela brilhante acaba denominando ouro a própria cor amarela que enxerga no rabo de um pavão. Outros acrescentarão as propriedades do peso, a fusibilidade etc. A idéia que temos do objeto de que falamos é ainda mais genérica do que dessa criança. As pessoas ligam os seus pensamentos mais às palavras do que às coisas. Já que aprendemos a maioria dessas palavras antes das idéias que elas significam, existem não somente crianças, mas também homens feitos que muitas vezes falam como periquitos. As pessoas pretendem assinalar as suas próprias idéias, e, além disso, atribuem ás palavras uma relação secreta com as idéias de outrem e com as próprias coisas. Se os sons fossem ligados pela pessoa com quem conversamos, a uma outra idéia, seria o mesmo que falar duas línguas. E quanto às idéias simples, em particular, e aos modos quanto às substâncias, acredita-se mais particularmente que as palavras significam também a realidade das coisas. As substâncias e os modos são igualmente representados pelas idéias; e as coisas, bem como as idéias, tanto num caso como no outro, são assinaladas pelas palavras. As idéias das coisas substanciais e das qualidades sensíveis são mais fixas. Por vezes, as nossas idéias e os nossos pensamentos constituem a matéria dos nossos discursos e perfazem a própria coisa que se quer significar, e as noções reflexivas entram mais do que se pensa nas noções das coisas. Fala mesmo das palavras materialmente, sem poder nesse momento preciso colocar a significação em lugar da palavra, ou relação às idéias ou às coisas. Isto acontece não somente quando falamos como gramáticos, mas também quando falamos como dicionaristas, ao darmos a explicação da palavra.



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