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Novos Ensaios, Livro III As palavras
(LEIBNIZ)

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CAPÍTULO IV Os nomes das idéias simples. Sempre acreditei ser arbitrário formar modos. Todavia, no que me concerne às idéias simples e às idéias das substancias, tenho a persuasão de que, além da possibilidade, estas idéias devem significar uma existência real. Os nomes das idéias simples não podem ser definidos, ao passo que os das idéias compostas o podem. Pois, as definições devem encerrar mais do que um termo, sendo que cada um deles significa uma idéia. Os termos simples não possuem definição nominal, porém os termos, quando são simples apenas com respeito a nós. Os termos que são simples em si mesmos, isto é, cuja concepção é clara e distinta, não podem receber nenhuma definição, nem nominal nem real. Os mais insignes mestres na arte têm sido forçados a deixar a maior parte das idéias simples sem defini-las, e, quando tentaram fazê-lo, não o conseguiram. Por exemplo, como encerrada nesta definição de Aristóteles: o movimento é o ato de um ser em potência, enquanto está em potência? A definição de Aristóteles não é tão absurda como se pensa, e isto porque não se costuma entender que o grego kínesis na sua terminologia não significa o que denominamos movimento, mas o que exprimiríamos pelo termo mudança. Daí vem que Aristóteles lhe dá uma definição tão abstrata e tão metafísica, ao passo que aquilo que denominamos movimento, ele o denomina phorá, latio sendo uma das espécies de mudança (tes kinéseos). As nossas idéias simples não podem ter definições nominais, da mesma forma como não poderíamos conhecer o gosto do ananás pelo relato dos viajantes, a menos que pudéssemos degustar as coisas pelos ouvidos, assim como Pança tinha a faculdade de ver Dulcinéia por ouvir falar dela, ou como aquele cego que, tendo ouvido falar muito do brilho do escalaste, acreditou que devia parecer-se com o som da trombeta. Coisa muito diferente acontece com as idéias complexas. Um cego pode compreender o que é uma estátua, e uma pessoa que nunca tivesse visto o arco-íris poderia compreender o que é, desde que tenha visto as cores que o compõem. As idéias simples são inexplicáveis, não deixam de ser as menos sujeitas a dúvida. Pois, a experiência ajuda mais que a definição. As idéias simples possuem ainda isto de particular, muito pouca subordinação naquilo que os mestres da lógica denominam linha predicamental, desde a última espécie até ao gênero supremo. E quando se quer formar um termo ainda mais geral, que compreenda também os sons, os gostos e as qualidades acessíveis ao tato, servimos-nos do termo geral de qualidade no sentido que se lhe dá comumente para distinguir estas qualidades da extensão, do número, do movimento, do prazer e da dor que agem sobre o espírito e nele introduzem as suas idéias através de mais de um sentido. As idéias simples são tomadas da experiência das coisas, não são de forma alguma arbitrarias, ao passo que as dos modos mistos o são em absoluto. O arbitrário reside somente nas palavras, de forma alguma nas idéias. Pois, elas exprimem apenas possibilidades; assim, mesmo que não tivesse jamais havido parricídio. Pois as idéias residem em Deus desde toda a eternidade, e mesmo em nós estão antes de pensarmos nelas atualmente, como demonstrei em nossas primeiras conversações.



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