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A farsa neoliberal
(Renato Prata Biar)

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A
farsa neoliberal





A crise em que
se encontra o mercado imobiliário estadunidense é apenas mais uma parte da
ponta do iceberg que se junta aos casos da Enron e da WorldCom. Embora o
primeiro tenha como fundo as questões referentes a empréstimos e hipotecas e o
segundo seja sobre uma questão de maquiagem de lucros e sobrevalorização de
ações, ambos têm uma mesma raiz: a era do capitalismo financeiro e suas
fortunas virtuais. O que isso significa? A base do capitalismo está na
acumulação e na concentração do capital. Isto quer dizer que todos os seus
mecanismos de produção e de ideologia estão voltados para o objetivo primordial
de aumentar continuamente a taxa de lucro do capitalista e, conseqüentemente,
produzir o capital. O que me parece, entretanto, é que esse sistema é
“eficiente” demais no processo de acumulação, tão “eficiente” que já não
consegue mais, somente através da exploração do trabalho humano de onde se
extrai a mais-valia relativa e/ou absoluta, remunerar de forma satisfatória
esse capital acumulado; daí a necessidade de se criar novos meios de circulação
e de remuneração desse capital ( créditos, títulos, ações, etc. ). Não que
esses meios já não existissem em outras épocas referentes ao sistema
capitalista e, em alguns casos, até mesmo antes dele, porém, na era do
neoliberalismo (também chamado de globalização ) dos dias de hoje, esses meios
ganharam uma força e uma importância impressionante. Isso se deve, exatamente,
ao fato de essa enorme quantidade de capital acumulado não mais poder ser
investida na produção de mercadorias, meios de consumo. Um reenvestimento
constante desse capital acumulado na área da produção colocaria em xeque uma
outra característica vital para o bom andamento do capitalismo que é a escassez
de mercadoria, que é a medida pela qual se consegue impor a estas um bom preço,
o seu valor de troca e, ao mesmo tempo, se consegue frear uma crise de
sobreacumulação e de deflação.



Portanto, essas
crises hodiernas, embora ainda estejam mostrando apenas a ponta do iceberg,
demonstram que o capitalismo está oco, não há nada de real por dentro dele
capaz de sustentar a sua estrutura. É uma riqueza fictícia e virtual porque não
é algo baseado na concretude de uma produção real, mas baseia-se quase que
exclusivamente em especulação, são pilares erguidos em cima de uma areia
movediça... uma hora irão afundar. Parece mesmo a realização daquilo que Marx
já pronunciava quando dizia que “o
capitalismo falhará na sua missão histórica, que é a de desenvolver as forças
produtivas, entrará na senilidade e sobreviverá a si mesmo.” Apenas para
exemplificar aquilo que estou querendo demonstrar, me remeto ao exemplo do
Brasil e de sua dívida interna que hoje já alcança a cifra astronômica de mais
de um trilhão de reais. Dívida essa que se deve, basicamente, a emissão de
títulos do governo em que o Estado, ao negociar esses títulos, garante ao
comprador o pagamento de juros altíssimos para atrair e manter os investidores
(banqueiros, donos de empreiteiras, empresários, especuladores, etc. ). Todavia,
se todos eles resolvessem de uma só vez, resgatar esses valores em dinheiro
real, o que aconteceria? Resposta: o Estado brasileiro quebraria, pois não há
condições de se efetuar esse pagamento porque essa “riqueza” simplesmente não
existe! Já no caso da bolsa de valores, podemos exemplificar com os casos já
citados da Enron e da WorldCom. Essas empresas maquiaram seus lucros para cima,
ou seja, divulgaram uma taxa de lucro bem acima do que a que realmente
auferiram. A vantagem aqui está em conseguir uma valorização das ações da
empresa no mercado de ações, o que significa um aumento considerável no que diz
respeito ao patrimônio da empresa e, também, um aumento no patrimônio daqueles
que são portadores dessas ações: os acionistas. É redundante também dizer aqui
que essa “riqueza” não existe a não ser no mundo virtual e da jogatina que é o
mercado de ações. As empresas crescem independentemente de um aumento na sua
produção real ou do aumento da demanda pelos seus produtos.



Até quando o
capitalismo conseguirá sustentar esse mundo virtual e fictício é algo que não
dá para prever. Ao contrário do que parecem, esses exemplos aqui citados não
são a exceção, mas sim a regra do que está acontecendo hoje no mundo hegemônico
do capitalismo. O sistema neoliberal, como reza a própria etimologia da
palavra, significa um novo liberalismo, mas que conserva no seu cerne a velha
lógica do capital. Como disse Marx no 18 Brumário: “Hegel
observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande
importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E
esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.”
A tragédia da primeira onda liberal culminou com o crash da Bolsa de Nova York
em 1929; o neoliberalismo é a segunda versão, ou seja, a farsa. Vamos ver no
que vai dar e aonde vai dar.






Renato Prata Biar; historiador; Rio de Janeiro; R. J.



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