Memorias Póstumas de Brás Cubas
(Machado de Assis)
Memórias Póstumas de Brás Cubas foi escrito por Machado de Assis e publicado em folhetins a partir de 1880 na revista “brasileira”, sendo publicado definitivamente em 1881. O romance é considerado o primeiro da chamada escola realista do Brasil. Isso transforma o autor em um dos grandes de nossa literatura.
O grande trunfo dessa obra genial do escritor fluminense não está propriamente no conteúdo, mas, na forma como ele é desenvolvido. A começar pelo enredo que trás um narrador defunto, ou seja, alguém que não tem mais os medos e pudores impostos pela sociedade dos vivos. Isso dá ao personagem que narra a estória um sarcasmo e ironia sem limites. Há ainda vários recursos ousados, como capítulos que conversam com o leitor; um total afastamento da idealização romântica; a quebra total da formalidade de expressão dos personagens.
Dessa forma Brás Cubas começa sua narração através de sua morte. Logo depois ele faz um tipo de flaskback e volta um pouco no tempo para contar sobre a causa que o levara ao outro lado. E seguida apresenta a personagem com quem mais irá se relacionar no romance, a amiga, quase noiva e esposa e futura amante, Virgilia. E só a partir daí e que começa a narrar sua vida de forma um pouco mais linear, mas, só um pouco, pois a narração não segue uma linha cronológica dos acontecimentos e sim uma lógica de memória do personagem narrador, o que faz com que ocorra, na maioria das vezes, muitas digressões e comentários que, embora pareçam não possuir nenhuma coerência externa é ricamente coerente em sua estrutura interna.
A ironia presente no romance é latente. O personagem ataca sem piedade a sociedade de sua época, através de temas como o casamento, o adultério, a ambição desenfreada e a loucura. Seus personagens são todos defeituosos, geralmente arrogantes e traiçoeiros. Trata-se de uma verdadeira radiografia da alma humana, sem disfarces. Utilizando assim o próprio exemplo e de sua sociedade para atingir a todos os seres humanos, tão falhos e tão hipócritas para não assumir isso, como fala o trecho que fecha esta obra prima da literatura mundial, “Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semi-demência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -- Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” Essa é voz do narrador Brás Cubas, mas , bem que poderia ser a de qualquer um de nós.
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