Mitos Tupi
(Marco antonio Santos Cruz)
O MITO DE SUMÉ “Também lhes ficou dos antigos, notícias de uns dois homens que andavam entre eles, um bom e outro mau. Ao bom chamaram Çumé, que deve, ter sido o apóstolo São Tomé.” Conta a lenda que há muito tempo, passou pela terra dos tupinambás um velho de barbas longas e brancas, vestido como um profeta, que muitos depois, afirmaram ser o próprio apóstolo São Tomé que teria estado na América para ensinar aos índios a doutrina cristã, tendo ido, em seguida, para a índia. Dizem eles que São Tomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus antepassados e que suas pisadas estão assinaladas junto de um rio; as quais eu fui ver por mais certeza da verdade e vi com os próprios olhos quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando enche; dizem também que, quando deixou estas pisadas, ia fugindo dos índios, que o queriam flechar, e chegando ali se lhe abrira o rio e passara por meio dele a outra parte sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo contam que, quando o queriam flechar os índios, as flechas se tornavam para eles, e os matos lhe faziam caminho por onde passasse: outros contam isso por escárnio. Dizem também que lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-los . Dele contam que lhes dera alimentos que ainda hoje usam, que são raízes e ervas e com isso vivem bem; não obstante, dizem mal de seu companheiro, e não sei por que, senão que, como soube, as flechas que contra ele atiravam voltavam, sobre si e os matavam. Os guaranis, diz Montoya, sabem por tradição ancestral que São Tomé, a quem eles chamam de Zumé, viveu outrora em suas terras. Sumé é o herói civilizador a quem os tupis atribuem, em especial, o conhecimento que têm da agricultura e sua organização social. Soma-se ao fato da semelhança dos nomes Sumé e Tomé, o fato das escritura afirmarem que a palavra dos apóstolos correria toda a terra. Héléne Clastres em seu livro, “Terra sem Mal”; p.30-32 ainda escreveu: “Graças a isso a percepção do mundo índio se tornara coerente: será possível atribuir à pregação do apóstolo as parcelas de verdade que se crê identificar cá e lá no discurso indígena.[...] Segundo pesquisas de Clébio Gonçalves em “Cabo Frio – 500 anos de história”, página 35, Sumé [...] Habitou o outeiro do Tairú e ainda que “ morava numa câmara de pedra, que até hoje existe no flanco sul do Morro da Guia onde teria também esculpido uma cadeira , na dura pedra. Segundo o antropólogo francês André Metraux, Sumé vivia com a família em outras paragens e após gerar os gêmeos míticos Tamendonare e Aricoute, o Bem e o Mal, abandonou a família e foi viver no Cabo Frio. Tupi.
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