Homosexualismo no século XVI
(Marco Antonio Santos Cruz)
TIBIRAS E CACOAIMBAEGUIRAS O tupinólogo Teodoro Sampaio, em 1909 distinguiu a palavra tibiriçá [“o vigia da terra”], de tebireçá. Tibiriçá foi o grande aliado tupiniquim dos portugueses, em São Paulo no século XVI. O termo “tebireçá’, referido por Sampaio no século XX, entretanto, no século XVI era grafado como tibira ou tevira, designando, para os tupinambás, os homens que se comportavam como mulheres, não guerreando e servindo sexualmente aos jovens guerreiros. Gabriel Soares comentou o assunto em seu Tratado descritivo do Brasil [1587]: Informou que chegavam os “tibiras” a armar tenda própria para saciar o desejo dos jovens guerreiros- provavelmente os que, por não terem ainda feito prisioneiros, estavam impedidos de casar. Era, comum também que as mulheres velhas, viúvas, iniciassem os jovens na vida sexual. Já as mulheres que se masculinizavam chamavam-se cacoaimbaeguiras segundo Pero de Magalhães Gandavo [1576], em seu “Tratado da província do Brasil”. Elas guerreavam como homens, algumas das quais possuíam mesmo “esposas”. Talvez tenham sido as mulheres guerreiras descritas pelo dominicano Carvajal, em Viagem à Amazônia [1540], razão pela qual julgou Ter visto as mitológicas “amazonas”. [Dicionário do Brasil Colonial; p.547 ]. Fontes da primeira visitação do Santo Ofício em Pernambuco, registraram a acusação de um certo Baltazar da Lomba, que possuía vários parceiros sexuais entre os índios, chegando até a mudar-se para uma aldeia , ali fazendo trabalhos femininos. Para os portugueses tais práticas eram pecados considerados passíveis de fogueira. Florestan Fernandes baseado em cartas de Anchieta transcreveu: “Como entre os índios há poucas meretrizes e devassas”. Também baseado em Léry, Fernandes citou: “Quando se insultavam, utilizavam a palavra Tivira para designar pederasta passivo. O irmão jesuíta Pero Correia escreveu: [...] há cá muitas mulheres que assim nas armas como em todas as outras coisas seguem ofício de homens e têm outras mulheres. A maior injúria que lhes podem fazer é chamá-las “mulheres”. Rejeitavam cônjuges masculino “ainda que por isso as matem”. Adotavam a forma masculina de penteado.
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