ASTRONOMIA INDÍGENA
(Marco Antonio Santos Cruz)
ETNOASTRONOMIA – OS INDÍGENAS –“Antes o mundo não existia.” Segundo relatos do padre capuchinho Abbeville, os tupinambás conheciam a relação entre as fases da lua e as marés, numa época em que Galileu Galilei [1616] disse que não precisava recorrer à “vã quimera do movimento da lua” para explicar o movimento das marés. A causa gravitacional das marés, portanto da influência da lua nas marés, só foi demonstrada muito posteriormente . O saber das culturas nativas americanas em sua totalidade fazia, entretanto, uso de formas distintas para coisas sagradas e mundanas. Os guaranis tanto podem dizer “Sai o sol” ou “Nosso pai selevanta”. O Pe. Abbeville ainda observou sobre os tupinambás: Poucos entre eles desconhecem a maioria dos astros e estrelas do seu hemisfério. Chamam-nas todos por seus nomes próprios “. Os Caiapós tem seu urbanismo [a disposição circular da aldeia], articulado numa tradição celeste-terrestre, baseada no movimento do sol. Assim na terra como no céu. Nos rituais nativos estão sempre presentes os simbolismos das dádivas da natureza, da ordem celeste em sincronicidade com a ordem terrestre. As cosmologias Guarani e Desana estão em concordância com a “teoria do Big Bang”, de que o universo e o espaço-tempo tiveram um início [ Einstein relutou muito em aceitar tal visão que, os índios doBrasil já possuíam]. Como diz a cosmologia Desana –“Antes o mundo não existia.” Já os Caiapós e Kaigangs concebem um universo sem começo nem fim. Tais conceitos e visões de mundo estão em concordância com a “teoria das Cordas.” O Dr. Márcio D’Olne Campos explica que em nossas escolas ensina-se a apontar a mão direita para o nascente o que nos coloca de frente para o Norte, cuja “estrela polar” não é vista no Hemisfério Sul e que ocerto seria colocar a mão esquerdaem direção ao nascente, pois à noite estaríamos de frente para o Cruzeiro do Sul. Ou seja, em vez de NORTEar, SULear. A beleza está diante de mim e atrás de mim Acima e abaixo de mim paira o belo Eu estou cercado por ele, eu estou imerso nele. [trecho do “Canto da Noite” – Antigo lamento dos Índios Navajo-E.U.A].
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