O trabalho na sociedade tupi
(Marco Cruz)
O TRABALHO NA SOCIEDADE TUPINAMBÁ
José de Anchieta em suas Cartas;pg:378, assim referiu-se aos Tupinambá: “Se deixam morrer de tristeza e enôjo vendo-se escravo, sendo eles livre.
O Dr. Koshiba fala em termos de “sociedade do tempo livre”, uma vez que 5 horas diárias de trabalho eram suficiente para eles.
Léry no famoso diálogo com um tupinambá escutou deste: “Temos pais, mães e filhos a quem amamos mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá. Por isso descansamos sem maiores cuidados.”
Um velho ditado grego dizia: “Quer fazer Pítocles feliz não lhe aumente os bens mas diminua seus desejos.
Na sociedade de consumo atual a ânsia do ter o novo objeto, a tecnologia de ponta, é insaciável e até mesmo angustiante.
Como já disse nosso redator, José Correia Batista no seu primeiro livro [Os olhos do cão Cabo Frio morto], ...’acabaremos tendo que retornar aos índios’. Por que não?
O ócio dos silvícolas foi menosprezado como “tendências inatas” ao “Dulce far niente”, entretanto,Helbert Baldus estudando os Tapirapé conclui que o ‘ócio’ deles não era exagerado mais necessários para a restauração das forças . Constatou também um envelhecimento precoce das mulheres que não dispunham desse ócio todo para restaurar-se.
Abbeville considerava a caça e a pesca um ótimo passatempo. Já o Pe. Antônio Montoya afirmava que , comparativamente, as mulheres trabalhavam muito mais. Desde crianças [kugnatim-miry] menores de sete anos, auxiliando a amassar o barro e tecer, até as adultas que catavam piolhos de todos, além de todas as tarefas doméstica que realizava, chegando às Uainuy [mais de 40 anos], que se dedicavam à cerâmica e eram encarregadas das carnes dos sacrifícios e, finalmente, as anciães que auxiliavam a recolher as flechas durante as batalhas .
O homem deixava por conta da mulher o carregamento do equipamento e das crianças, pois precisava ficar livre para defendê-las dos animais ferozes e dos ataques surpresa dos inimigos. As mulheres somente na gravidez tinha suas tarefas moderadas.
Outra característica da sociedade tupinambá segundo Evreux é que nunca desistem de trabalhar, seguindo o princípio: “cada um trabalha segundo suas forças , mesmo na velhice’.
Como vimos, morrer de angústia por estar escravizado não é que o índio seja preguiçoso, mas rejeitava o trabalho imposto . A propósito, a escravidão entre os índios não chegou a desenvolver novas camadas sociais. Achavam um absurdo deixar um inimigo vivo. Só foram aprender a exploração de mão de obra alheia com os brancos.
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