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XADREZ PARA TODOS
(Caio Franco)

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João Paulo II posiciona seu par de bispos contra os cavalos de
Napoleão. Karl Marx avança perigosamente seus peões contra a dama de
Humphrey Bogart. Fidel Castro utiliza suas torres para atacar
dissimuladamente o rei de Machado de Assis... Se esses encontros fossem
possíveis, essas e muitas outras personalidades estariam medindo forças
diante de um tabuleiro de 64 casas e 16 peças para cada uma, pois elas
tinham algo em comum: o amor pelo xadrez. Há quinze séculos esse jogo
vem apaixonando e intrigando estudiosos e praticantes com as ilimitadas
possibilidades que oferece e uma bem-dosada mistura entre esporte, arte
e ciência. As competições de xadrez - torneios, confrontos individuais,
olimpíadas específicas - atraem a atenção de milhões de pessoas em todo
o mundo e conferem ao jogo o status de um verdadeiro desporto. As
seqüências de jogadas (as chamadas combinações) podem proporcionar
efetiva fruição estética; e, finalmente, seu atual nível de
desenvolvimento permite, em muitos finais de partidas, que se determine
com precisão matemática o desfecho - empate ou vitória de um dos
oponentes. Essa feliz síntese é o que faz de nós, enxadristas, seus
eternos devotos. Como se isso não fosse suficiente, o nobre jogo - como
já comprovaram pesquisadores de diversos países - possibilita aos que a
ele se dedicam um aprimoramento constante de suas capacidades de
raciocínio, memorização e concentração, elementos que, aliados, mantêm
e ao mesmo tempo aperfeiçoam o que o ser humano tem de melhor: a
inteligência. Mas, afinal, o que é o xadrez? Um jogo romântico, que
evoca damas e cavaleiros medievais com seu peculiar código de honra, ou
um esporte capaz de fazer um campeão perder peso (devido ao enorme
esforço mental!) durante uma partida excepcionalmente tensa? É um pouco
disso tudo - e muito mais, pois praticá-lo é útil e divertido. A
"ginástica da inteligência" (Goethe) constitui, ao mesmo tempo,
agradável passatempo e proveitoso estímulo à criatividade, à
perspicácia e à autodeterminação, desenvolvendo, assim, o caráter e
despertando o indivíduo para fenômenos sociais e culturais que estão ao
seu redor. O preconceito leva as pessoas a pensar que o xadrez é um
jogo para indivíduos excêntricos, enfermiços e pouco sociáveis. Tolice.
Gary Kasparov, um dos maiores enxadristas de todos os tempos, praticava
atletismo, natação, futebol e tênis e é formado em Letras - em resumo,
um esportista e mesmo um homem completo. Além disso, o xadrez é o jogo
de tabuleiro mais popular e sobre o qual mais livros se publicam no
mundo. No Brasil da década de 70 assistimos a um considerável aumento
no interesse pelo jogo, devido sobretudo ao aparecimento de Henrique da
Costa Mecking, o Mequinho, à época um dos três melhores jogadores do
planeta e sério candidato ao título mundial. No entanto, essa febre
enxadrística aos poucos esmoreceu, relegada ao esquecimento pela
crônica e proverbial cegueira de nossas autoridades. Apesar disso,
algumas boas iniciativas para a implantação do xadrez nas escolas foram
realizadas nas cidades de Curitiba, Osasco e, mais recentemente,
Florianópolis (com excelentes resultados e até site na Internet). Eis
aí uma grande idéia: incluído como matéria opcional - sem haver
reprovação - no currículo escolar, não há dúvida de que, por todas as
razões já apontadas, o xadrez se revelaria um formidável suporte
pedagógico a alunos e professores. Imitação da vida ou da guerra que é
o viver, o "rei dos jogos e o jogo dos reis" é objeto de muitos tipos
de metáforas. Desde as mais elaboradas - como no filme "O Sétimo Selo",
de Ingmar Bergman, em que o protagonista joga uma partida contra a
Morte, tentando, em vão, enganá-la - às mais corriqueiras, como quando
dizemos "fulano passará o resto de seus dias no xadrez". Aliás, o
título deste artigo tem - como já terá advertido o leitor mais atento
(um enxadrista?) - duplo sentido, pois defende não somente o ensino do
jogo de xadrez nas escolas como também "xadrez" para os corruptos que
empobrecem, em todos os sentidos, este país. Xadrez para todos!



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