Estive recentemente no centro de uma polêmica que, absolutamente, imaginei estar entrando quando comentei, num e-mail enviado pro Comendador Luiz Mott, que em Pernambuco existe uma clara homofobia e que no meu entender, parafraseando um jargão local, que "biba esperta não mija fora do caco por lá". Recebí uma admoestação pública do presidente do Leões do Norte que em sua missiva pedia-me para ser mais elegante com os homossexuais lá de Pernambuco, no seu entender o que escreví sobre "biba que mija fora do caco" não se coadunava com o comportamento dos homossexuais pernambucanos. Precisei explicar pra ele que o termo seria um alerta que os homossexuais não poderiam levar parceiros fortuitos para seus lares, pois corriam o risco de serem assassinados. Aliás essa é uma cartilha de sobrevivência organizada pelo Grupo Gay da Bahia, amplamente divulgada a quem interessar possa naquela terra de hotentotes, como diz o Mott.Outro equívoco do presidente do Leões do Norte de Pernambuco, foi afirmar que muitos crimes contra homossexuais lá no Recife, não seriam considerados pela organização como homofóbicos, pois os assassinados estariam envolvidos com drogas,tráfico e prostituição de pista e que ainda não se poderia encontrar ódio nos crimes porque cairiam numa discussão infrutífera, pois segundo ele, baseando-se por segmentos sociais existiaria os crimes de ódio contra negros, ricos,muheres,bancários,coroas,funcionário público,brancos,índios,garotos e etc. Incrédulo por ver no líder do movimento homossexual de Pernambuco um abissal desconhecimento do que seja homofobia ou mesmo a palavra ódio, escreví apelando para o seu bom senso para que ele fizesse uma análise consciente e respondesse pra ele mesmo se as mais de 250 mulheres assassinadas em Pernambuco no ano de 2007 teriam sido por amor. O comendador Luiz Mott foi mais longe, afirmando numa carta endereçada ao presidente do Leões do Norte "que não se poderia tapar o sol com a peneira e que a proporcionalidade de crimes no Estado de Pernambuco estava além dos crimes executados em São Paulo, fazendo-se um paralelo das populações", Pernambuco em pouco tempo seria hors concour. E mais que em estatísticas efetuadas por outras Ongs e Direitos Humanos não se questionava a natureza dos crimes, mas sim a violência e o ódio que levaram a execução dos mesmos. Então estava na hora de parar de classificar como não homofóbicos os crimes em que homossexuais seriam traficantes ou usuários de drogas, porque muitas vezes a institucionalização cultural da homofobia neste país levava os glbts para situação de risco, pois não eram aceitos no mercado de trabalho, eram enxotados das portas do motéis e obrigados a prostituirem-se nas ruas, sem contar que por falta de espaço caiam na burrice de levar parceiros para casa e encontravam a morte. Para Mott, o presidente do Leões do Norte de Pernambuco teria de "parar de usar os mesmos argumentos fajutos dos inimigos que sempre questionam o caráter homofóbico dos assassinatos" e citou o caso do delegado de polícia que "não via" homofobia como principal motivação para 3 assassinatos de travestís no bairro de Boa Viagem, Recife, num só final de semana. Detalhe: Um quarto travestí não foi assassinado porque conseguiu fugir do grupo que o perseguia. Essa semana o Washigton Post estampou uma reportagem em que afirmou que Pernambuco é sim um estado brasileiro de maior homofobia e que a proporcionalidade dos crimes se comparado com os da maior capital do país, já ultrapassam os cometidos em São Paulo e que por trás destas barbaridades estaria um bem montado esquema de extermínio de pessoas, os chamados esquadrões da morte. O interessante é enquanto escrevia para o líder do movimento homossexual de Pernambuco, jazia um corpo frágil de um adolescente travestí que havia sido brutalmente assassinado num recanto da praia de Piedade, na Região Metropolitana do Recife, Jaboatão dos Guararapes, a esperar por seus familiares para reconhecimento, já que estava com o rosto desfigurado pela violência das pancadas que recebera de seus algozes. Digam-me sinceramente, meus amigos, os quanto lerem este meu desabafo, o que motiva um crime como este é homofobia pura ou excesso de zelo, diria mesmo amor por conta de seus assassinos? O Grupo Gay da Bahia continua na sua histórica jornada de receber e compilar todas as notícias de crimes contra homossexuais nos mais distantes torrões deste nosso Brasil. Pernambuco já lidera o ranking neste início de ano e quem deveria cuidar e berrar em alto e bom som, continua como avestruz que enterra a cabeça no chão toda vez que enxerga o perigo. Enquanto esse "comportamento" assusta militantes como eu, leio n''O Globo que jovem recebe indenização milionária por ter sido abandonado por milionário americano com quem teve um caso por 4 anos e mais que o líder da mega banda de rock REM assumiu a sua homossexualidade para simplesmente ajudar fãs jovens que sofrem com a enrustição e muitas vezes morrem sufocados dentro do armário. Os exemplo estão aqui dentro e vindo de fora. A Bahia através do Grupo Gay dá aulas e lições de cidadania e dignidade. Resta-nos tão somente seguir os doutos conselhos para não mijar fora do caco e ser assassinado. E para quem tem bom senso e puder ajudar, notícias de assassinatos de homossexuais devem ser remetidos para o www.ggb.org.br ou o e-mail
[email protected] e colar a reportagem à pagina de texto.
