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Processo de volta; arcaísmo ou estratégia.
(Vitória Ramos)

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Maria Vitória Ramos[1] Há um mistério incrustado no processo que implica os caminhos da volta. Qualquer que seja a volta. A ida é sempre tensa. A insegurança do caminho, o trânsito na estrada... (o que haverá por lá? ) É incerto. A volta é desencanada. Quando sou motorista, essa sensação ainda é mais intensa. Nunca deixei de ir, por gostar de voltar. Mas sempre vou, pensando na alegria da volta. Gosto de dirigir. Antes do carro, era no sonho. Fazia manobras, viagens loucas, até cavalo-de-pau. Na realidade isso não ocorre. Sei o quanto pesa quando sou motorista. Enquanto passageiros, tudo é mais cômodo. Pode até dormir. Enquanto motorista, não. Quando me despeço de quem fica lá, onde fui, é uma mistura de dor, saudade antecipada, mas no fundo o processo de retorno, compensa tudo. Voltar é bom. Depois de muito tempo fora, eu começo contar os dias para chegar. Quando estou de carro, eu afundo o pé ( pequeno e leve!), para chegar mais depressa. Observações saudosistas diante do pós modernismo, da tirania do capitalismo e da conjuntura política em que vivemos – dizem os mais pragmáticos! Mas eu acredito nas organizações comunitárias, na discussão filosófica, na briga boa para se tornar melhor nos relacionamentos, nas brincadeiras de criança, no escambo, na partilha, e na socialização cooperativa. É antagônico. Parece retrógrado. No entanto, já se discute o “neo-arcaísmo”, os “sistemas tribais” a “reengenharia humana”... Um telefone antigo, que a gente tem de discar, e voltar ao zero. Chegar em casa tarde, voltar depois do dever cumprido. Voltar para pedir desculpas. Agradecer. Dar um beijo. Voltar, sóbria (ou não!) de madrugada depois da festa de amigos. Voltar a tarraxa do meu violão, para de corda bamba perceber a disparidade, e afiná-lo de novo. Voltar, quando a Roda Gigante desce. Ficar mais perto do chão, no sentido da realidade. A ida, a subida nesta perspectiva, não é vista como proximidade do céu, e sim, como um distanciamento dos demais, para vê-los pequenos... é deste tipo de ida que eu tenho medo. Independência, para mim, é liberdade. Poder voltar. Ainda que pareça retrocesso. Ainda que soe como abandono de causa. Voltar, pode ser estratégico. Pode ser ainda, a reposição de forças, um jeito inteligente de rever o caminho de ida, a própria trajetória. “(...) lutar e ganhar todas as batalhas não é a suprema glória, a glória suprema é quebrar o inimigo sem lutar”. Sun Tzu – A Arte Da Guerra. Estou pensando no LULA. Queria que fizesse o caminho de volta. Sem deixar o governo. Que refizesse seus trilhos pelas terras de São Bernardo. Que dormisse de novo nos tapetes da sala da Casa do Frei Betto. Que se escondesse outras vezes na Igreja, amparado por D. Cláudio Hummes... Antes que a embriaguez da ida o engolisse pelo caminho, e o impedisse para sempre de voltar... [1] Licenciada pelo Curso de História – Instituto Superior de Educação – UNIFOR –Formiga-MG



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