Resumo de Mercenários da Fé

MERCENÁRIOS DA FÉ Não faz muito tempo participei de uma reunião aqui no meu pequeno e confortável Belo Oriente, onde se discutia a situação da criança e do adolescente. Isso se discute no Brasil desde que eu era criança e mergulhou, com a perseverança de alguns, pela minha adolescência à fora. Mania de brasileiro ou, quem sabe, mania do homem contemporâneo. Dessas reuniões surgem as ONGs. O aparecimento de ONGs veio para melhorar a vida financeira e social de meia dúzias de felizardos inteligentes que escolhem o assunto da hora e passa a instigar os supostos prejudicados contra o resto. Aquela reunião veio em boa hora, e dela saíram ideais de criação de ONGs de todo tipo e para todas as ações que defendessem a criança, o adolescente, o meio ambiente, os idosos, as grávidas e , se não me engano , até os bêbados. Bobagem pois, já dizia a minha avó, que das crianças e dos bêbados Deus cuida. Naquela ocasião eu tentei demonstrar, na minha ignorância de jornalista desempregado, que o trabalho para uma criança não a diminui tampouco o sobrecarrega; não lhe atrapalha os estudos nem o torna um escravo. O que deveríamos discutir seria um determinado tipo de trabalho para determinada idade, afinal, se um filho, digamos de um comerciante, trabalha no comércio do seu pai, se essa criança não se sair bem nos estudos, virá a ser um comerciante no futuro com conhecimentos práticos que, em sua maioria, supera qualquer diploma universitário. Além do mais, a televisão, o cinema , o teatro precisam de crianças . Creio que os senhores não querem que se vistam Francisco Cuoco de bebê para dar mais realidade a uma cena cinematográfica. E é nessa realidade que quero entrar com os dois pés. Essa realidade que a arte nos traz através da representação de atores e atrizes de invejáveis talentos. Quando as novelas passaram a cobrar maior atenção à realidade que assola o país, como assalto, desaparecimentos, doenças provocadas pelas más condições que vivemos no setor de saúde pública e maus tratos, muitos elogios encheram jornais e revistas porque as novelas passaram a trazer para a tela a verdadeira cara do brasileiro, sofrida, abandonada vivendo num país rico e mal governado. Saulo Laranjeira nos mostra uma realidade que não é mais segredo e outros tantos artistas nos abrem os olhos, nos conscientiza, através de suas representações. A rede Globo e a Rede Record estão patrocinando uma briga de cachorro grande. Não se meter é muito bom porque aquilo é marketing. Afinal, a record sabe que a novela Duas Caras mostra uma realidade que se encontra em todos os cantos do País. Religião virou meio de vida. São boas, ninguém pode negar isso, porque todas as religiões ensinam o bom caminho, aliás são ótimas, porque os benefícios da religião depende da fé dos adeptos e aquele que vão nos templos estão movidos pela fé. Pagam por que acreditam. E daí. O importante é que colham bons frutos. A evangélica da novela não é uma fanática inventada pelo autor. Ela retrata uma realidade de várias igrejas que , inclusive, descem o pau nos rituais afro brasileiros e praticam a mesma coisa em seus templos dizendo tirar demônios, acabar com possessões ou curar doenças. Quando você resolve participar de certas crenças evangélicas, a primeira coisa que lhe mandam ler é o livro do apocalipse. O apocalipse é um livro de bichos e monstros, visões proféticas enlouquecedoras, e as igrejas não rejeitam as pessoas mesmo sabendo que têm alguma fraqueza mental. Prometem inclusive curas para essas pessoas. E essas são as mais fáceis vítimas do fanatismo e isso não é nenhuma novidade. A leitura do livro apocalipse impulsiona a mente doente para o abismo das atitudes fanáticas. O que acontece é que quando a coisa se torna pública nenhuma congregação quer assumir . Se fosse algo como um milagre capaz de elevar uma congregação e encher os bancos de seus templos de fiéis e “dizimistas” seria preciso um DNA para definir o pai, mas quando se trata de uma atitude que fere a constituição brasileira ao ofender a integridade moral e física de um indivíduo e, consequentemente denegrir a imagem de uma igreja, então procura-se um culpado pela exposição da realidade que querem esconder. Bom seria acrescentar que várias, porque não dizer todas, igrejas evangélicas ofendem , e de modo claro, a fé afro-brasileira, inclusive montando espetáculos cinematográficos e apresentando em seus programas de televisão. Não sei porque tanto barulho por isso num país onde os escândalos está inserido em todos setores da vida : Na política, na religião, na educação, na saúde, etc. Nessa briguinha tem uma pergunta: - Qual religião rende mais? A da Globo ou a da Record.

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