Hipocrisia política
(flavioprazeres)
No dia 18 de outubro de 2006, em plena corrida eleitoral, tive o desprazer de ouvir todas as soluções para os problemas políticos, sociais e econômicos enfrentados pela sociedade brasileira. Não pense que sou um pessimista ou que desejo o pior para o nosso país. Quando digo desprazer, reporto-me aos descalábrios demagógicos vomitados durante a entrevista do candidato à presidência Geraldo Alckmin.
Dentre os absurdos, dois chamaram-me mais atenção.
O cidadão de 32 anos de carreira política “exemplar” nunca observou as relações de compra de votos e apoio político tão comuns e arraigados nos três poderes da república brasileira. É, no mínimo, muito estranho para quem critica o outro candidato por não saber de nada, não ver, não conhecer nada.
É bom lembrar que a corrupção política é um mal histórico, presente em todos os cantos do país, das pequenas cidades interioranas - dominadas ainda por verdadeiros coronéis ou similares – aos grandes centros urbanos com sua burguesia de carreira política. Não concordo em dizer que todo político é corrupto, mas afirmar que a compra de votos e de apoio político era “inimaginável” nos espaços onde esteve presente é o cúmulo do desconhecimento, é tapar o sol com a peneira. É negar a secular prática da pior mazela do país.
Insatisfeito com esta “grosseria” (palavra, segundo o próprio Alckmin, muito utilizada no meio político para minimizar crimes e outras barbaridades), deixa escapar, talvez inocentemente, ou por ser “fruto e filho da época”, uma certa simpatia pela ditadura militar (1964 – 1986) ao defender o “milagre brasileiro”, como ficou conhecido o período de desenvolvimento econômico que atingiu mais de 10% de crescimento ao ano.
Mas será que o ilustre candidato defensor dos fracos e oprimidos, defensor da moral, da melhor distribuição de riqueza, sabe a custa de que o Brasil atingiu estes índices de desenvolvimento? Sabe o significado da expressão “crescer para dividir”?
O crescimento foi perceptível, já a melhor distribuição...
Estamos cá nós aguardando.
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