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O PÁSSARO DE VIDRO
(Manuel Poppe)

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"[…] duas pessoas apaixonadas que pediam, um ao outro, o absoluto que não conseguiam encontrar dentro de si. Desiludia-os às vezes a pobre resposta; mas, porque se amavam, sabiam que só o outro – Lorenza a Andrea e Andrea a Lorenza – poderia dar-lhes aquilo de que andavam à procura. Estavam os dois de boa-fé. O medo deles era humano: ao mesmo tempo que se amavam, desconfiavam um do outro. O absoluto de que andavam à procura queriam que lhes aparecesse logo, evidente, e, no meio, metia-se-lhes a fragilidade que tinham: nem um nem outro se transformava facilmente na harmonia desejada. Eram da terra, animais como os outros, sujeitos às fraquezas."

“O Pássaro de Vidro” é a história de um amor impossível, cuja acção decorre em Veneza, entre o médico recém-divorciado, Andrea, e a jovem estudante Lorenza.
Manuel Poppe, num tom profundamente intimista, escalpeliza o fenómeno amoroso, visitando os recantos mais profundos da insegurança e dos medos provocados por um amor que se quer puro, único, absoluto.
Não havia barreiras exteriores para os separar, mas… separava-os a impossibilidade de se darem, como pobres pássaros, em invólucro de vidro, incapazes de voar. A ansiedade paralisa-os. E culpam-se mutuamente. Acabam enredados nas suas próprias dúvidas, utilizando todos os ardis para descobrir até onde vai o amor do outro. E magoam-se… e desconfiam…e fogem… e voltam a aproximar-se para de novo se separarem e saborearem a dor que quase os destrói.
Andrea dispõe, e aproveita, dum amor menos complicado, em que só quase dá o corpo, mas do qual obtém alguma estabilidade e uma sensação de bem-estar. E também de remorso, de traição e instantes de consciência intranquila. Caterina dá-se-lhe, para o confortar, sabendo que ele nunca será seu, mas… mesmo assim, esperando o impossível.
Ele prefere a outra, Lorenza, fugidia, irregular, incompreensível. É o enigma que ela representa que o atrai? Deveriam desligar-se, se não conseguem construir a ponte sobre o abismo que os separa, mas não: preferem a insegurança, o conflito, ao vazio da vida sem o outro.
É um romance que dói, que ora nos leva a chorar o infortúnio destes dois, ora nos transforma em potenciais personagens, com vontade de interferir nas suas vidas, obrigando-os a voar por cima do muro que ergueram entre eles. Na verdade, nós é que somos empurrados, pela mão do autor, para dentro de nós próprios, afinal… seres humanos indefesos perante a turbulência do amor.
Por que razão nos apaixonamos?
Para lá da atracção física, há muitas vezes, em nós como nas personagens, a necessidade de combater a solidão e a vontade de proteger, quem nos parece desamparado e frágil, ou de sermos protegidos. Pensar que alguém precisa urgentemente de nós, dá um sentido à nossa vida; pensar que alguém se preocupa connosco, faz-nos sentir igualmente importantes e imprescindíveis.
O caso da Lorenza e do Andrea é, por Poppe, levado ao limite. Mas a verdade é que, quando nos apaixonamos, surge o medo, quase intolerável, de perder o sonho, de fracassar: de não sermos suficientemente bons para satisfazer a exigência do outro, de confrontarmos o ser inventado por nós com a pessoa real e verificar que nos enganámos, de ficarmos dependentes e reféns do amor do outro, de interpretarmos erradamente os sinais que nos são enviados. É como se perdêssemos o pé, sem qualquer certeza e muitas dúvidas. Será que para ele/a sou a/o única/o, a/o tal, a/o diferente? Até que ponto gostará de mim? É mais fácil fugir e ver se o outro vai atrás. Para medir o amor e porque, lá no fundo, acreditamos que se deseja mais quem se escapa do que quem está na nossa mão. E porque é excitante ser “caçador” e agradável saber que nos procuram, cai-se numa espécie de jogo em que, de vez em quando, se muda de papel. E ficamos irremediavelmente presos.
Haverá ser humano que nunca tenha passado por isto, mesmo que só o apreenda de forma difusa? Não creio. O amor é o sentimento que nos leva às maiores loucuras, ao céu ou ao abismo. E quando o desejamos da pureza do cristal, preferimos o nada ao vidro grosseiro.
Mesmo que, no fim, reste apenas a rotina comezinha duma relação banal ou o ombro dum amigo para chorar e descansar…



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