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A Ditadura do Relógio.
(George Woodcock)

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Pensar no tempo, em horas, hoje me fez lembrar quando um famigerado professor de história, que em um filme chamado “escola da vida” pergunta aos seus estimados alunos: “quanto tempo nós temos”? E ele completa, ao ver todas as crianças olhando em seus relógios buscando a resposta num cálculo exato no adorno que está preso em seus pulsos: “a resposta não está no relógio”. Realmente o tempo que nos foi dado, calculado, atribuído, não é muito para certos usufrutos e assim como o relógio fica preso em nossos braços todos os dias, nós também estamos inevitavelmente presos ao tempo que ele nos oferece. Assim, podemos nos embasar na ditadura do relógio proposta pelo historiador George Woodcock, do qual podemos fazer algumas análises. O que Woodcock propõe em seu texto não está tão distante da nossa realidade. Pois o tempo, que antes era uma dádiva e um privilégio que tínhamos como um fenômeno natural, sem que houvesse a necessidade de mensurá-lo, hoje ele se tornou ferramenta fundamental do capitalismo exploratório. Se, como Woodcock afirma, ”o tempo era visto como um processo natural de mudança e os homens não se preocupavam em medi-lo com exatidão” (p. 249), o que fez com que ele se tornasse dividido e subdividido em dias, meses, anos, décadas, séculos? O próprio historiador responde que o longo processo de formação do capitalismo, da classe trabalhadora, do operariado, da revolução industrial, do liberalismo, foi em primeira instância a conjuntura que precedeu na construção da matemática do tempo, onde todos os proletários se tornaram produtos do relógio e escravos do tempo. Segundo Woodcock a escala exata do tempo, criada pela ciência e camuflada, pelos donos e patronos do poder social, na forma de um adorno, que chamamos então de relógio, o autor confirma: “e, pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores” (p. 249) (...). A ditadura mecânica das horas, segundo o texto de George Woodcock, se tornou tão nociva e perniciosa quanto à insalubridade da exploração dos trabalhadores mais modernos, que se transformaram em máquinas tão poderosas e eficazes quanto aquelas que eles mesmos controlam. Para agravar ainda mais a situação social, o tempo passou a fazer parte de um rito religioso e ecumênico, sendo a ociosidade perante ele um grande pecado. E a difusão em massa dos relógios, tanto em forma de presente de natal, quanto em forma de alerta contra o pecado da vadiagem, espalhou essa perspicaz ideologia pelo resto do planeta. Então as pessoas hoje podem se perguntar: trabalhar é fundamental, sempre? E por um tempo pré-determinado onde passamos a vida trabalhando mais do que vivendo esse processo natural de transição dos primeiros povos? Assim nos pontuamos e calculamos nosso tempo e nossa vida, como ir ao cinema, ao shopping, fazer compras, estudar numa graduação com tempo e cronograma já definido e ao fazermos isso, sem perceber que estamos sendo manipulados por uma ditadura temporal que parece inevitável, estamos na verdade aceitando sem titubear o triste fato de que “tempo é dinheiro”. Um jargão inocente, dentro de uma alienação sem precedentes. Woodcock, dessa forma, abole o Estado, a religião e todas as formas de governo que escravizam a sociedade, pois implicam numa não-socialização entre os humanos tornando-os escravos de uma classe dominante (aquela que cansamos de ver no topo da pirâmide social) e se transformando em inimigos de si mesmos e uns dos outros. No texto de George Woodcock sobre a ditadura do relógio o anarquismo parece muito sedutor e atraente para construir uma sociedade perfeita, mas até mesmo para historiadores que experimentaram a “sopa historiográfica dos Annales”, o marxismo, ortodoxo ou não, ainda prevalece como uma válvula de escape tanto para franceses como Lynn Hunt quanto para ingleses como Eric Hobsbawm. (WOODCOCK, G. A ditadura do relógio. In: ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H. Filosofando: introdução à filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1993,cap. 3, 3a. parte, p. 249)



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