O Morro dos Ventos Uivantes
(Emily Brontë)
Em O Morro dos Ventos Uivantes , de Emily Bronte, pode-se encontrar a temática feminina na visão interior da autora, pois ela deixa que o desejo dos personagens definam a narrativa (quando Catherine decide deixar Hithcliff para casar-se com Edgar Linton por interesse), e no uso de elementos extrarreais na narrativa (quando Hithcliff decide ir ao encontro da alma de Catherine e morre para encontrá-la na eternidade). Porém ela também faz um questionamento íntimo através da maneira como estruturou o seu romance. Mesmo sendo uma escrita feminina, onde se encontra a hesitação e a falta de objetividade, pode-se achar, também, uma quebra de paradigmas com o rompimento do romance tradicional. Na obra não se pode encontrar o par romântico definido, nem se pode definir o personagem bom ou mau na história, deixando isto a cargo do leitor. Além disto, a autora também mostra a temática social, através da questão do preconceito social entre as famílias: Hindley, o irmão de Catherine, não aceita Hithcliff como seu irmão de criação porque ele é pobre, pois foi encontrado como um cigano. Catherine ama Hithcliff, mas não o aceita como esposo por sua condição social, e Hithcliff, após ter adquirido fortuna, se acha com o poder para vingar-se de Hindley, desprezando o filho dele, Hareton, e de Edgar Linton, marido de Catherine, maltratando a irmã dele. Quando a mulher entrou na literatura a sua forma de escrever era diferente da forma que o homem escrevia, pois como a sociedade era patriarcal a mulher não podia abandonar a sua “feminilidade”. O estilo de sua escrita era hesitante e reflexivo, com grande apelo à subjetividade. Sempre utilizando temas exclusivamente femininos. E por esses aspectos foi considerada uma literatura menor. O início da mulher na literatura foi, portanto, opressor. A escrita feminina foi inferiorizada pelos homens, que discriminaram a posição das mulheres na sociedade, e pelas próprias mulheres, que tinham medo de impor seus ideais. Com o passar dos tempos, as mulheres foram tomando consciência de sua escrita na história da humanidade, e de como elas poderiam ser, assim como os homens, o sujeito de sua própria fala. A mulher passa, então, a questionar os seus desejos mais íntimos e a sua posição social. Se for feita uma observação desses fatos do romance, com base no propósito da literatura feminina atual (a partir do séc. XIX até nossos dias), pode-se ver que a autora faz um protesto à opressão social, de uma forma pessoal, através da subjetividade de sua escrita feminina, mas retratando aspectos que dizem respeito à sociedade como um todo, pois se ela faz parte desta sociedade, nada mais justo que ela possa afirmar-se dentro dela.
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