Assedio Moral
(Adriana Guedes de Brito)
ASSEDIO MORAL
O termo “assédio moral” surgiu em setembro de 1998, quando a psicóloga francesa Marie-France Hirigoyen lançou o livro Assédio Moral – A Violência Perversa no Cotidiano. Nele, ela definiu o assédio moral como: “[...] toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho”
o assédio moral cria um ambiente profissional desagradável que compromete não somente o desempenho do agredido como, também, dos demais funcionários, uma vez que contribui para problemas de relacionamento, cerceando o exercício da criatividade no trabalho e, conseqüentemente, reduzindo a produtividade. Assim, constata-se, pelo exposto, que o abuso de poder e a manipulação perversa são fenômenos peculiares ao assédio moral.
O assédio moral verifica-se na escola, na família e no trabalho. É uma violência multilateral e continuada que visa excluir a vítima da organização.
O QUE NÃO É ASSÉDIO MORAL
É preciso maior empenho, cuidado e seriedade no trato da questão do assédio moral. Houve a banalização e generalização do termo, que passou, muitas vezes, a caracterizar qualquer rusga no trabalho como sendo assédio moral.
PORQUE OCORRE O ASSÉDIO MORAL
a origem dos comportamentos violentos deriva principalmente dos fatores culturais e de personalidade, da influência dos amigos, das patologias mentais, de fatores biológicos e do background familiar, em que crianças e jovens ridicularizados ou humilhados por pessoas mais velhas, ou mais poderosas, sobre as quais não tinham como se defender, quando adultos, podem vir a ser agressores ou vítimas de assédio moral.
As constantes humilhações e desqualificações criam desordens psicoafetivas que, juntamente com o abuso de poder, atingem as pessoas que têm baixa auto-estima (agressor ou vítima). No agressor, a baixa auto-estima ocorre através da negação de suas incapacidades e se manifesta no desejo de destruir a vítima, para garantir a própria sobrevivência. Na vítima, a baixa auto-estima torna-se visível por meio das autodesqualificações e culpabilizações, que possibilitam o surgimento de situações de risco real. Destarte, o assédio moral instala-se em ambientes nos quais as pessoas têm dificuldades para lidar, de maneira efetiva, com problemas que envolvem situações de conflito.
o assédio moral é conseqüência das mudanças decorrentes da globalização e da competitividade, tais como: o ritmo frenético da economia, a redução de custos no ambiente de trabalho, a terceirização, a contratação por prazo determinado, a flexibilização das relações de trabalho, a precariedade do próprio emprego e o desemprego, o culto do individualismo e a crença de que a disputa – nem sempre limpa – aumenta a eficiência geral do sistema, entre outros. Os autores acrescentam, ainda, causas internas à organização: as deficiências na organização do trabalho, na comunicação e na gestão, e os problemas mal resolvidos que comprometem o desempenho dos trabalhadores, que costumam apontar bodes expiatórios como responsáveis pela desestabilização do ambiente de trabalho.
Situações em que pode ocorrer o assédio moral
• Assédio horizontal: quando um colega agride outro colega. As agressões podem ter origem em inimizades pessoais relacionadas com a história de cada um dos protagonistas, ou na competitividade, com um tentando fazer-se valer às custas do outro. Além disso, inúmeras empresas desenvolvem em seu interior o racismo e o sexismo.
• Assédio vertical descendente: subordinado agredido por superior. Devido ao problema da empregabilidade, é o caso mais freqüente. Algumas empresas fazem vistas grossas em relação à maneira tirânica com que alguns chefes tratam os seus subordinados. O abuso de poder ou a necessidade de um superior esmagar os outros para sentir-se seguro, ou ainda, ter a necessidade de demolir um indivíduo como bode expiatório são exemplos desta modalidade Pode ser:
• Assédio perverso: tem por objetivo eliminar o outro ou a valorização do próprio poder.
• Assédio estratégico: tem por objetivo forçar o empregado a se demitir para não pagar os seus direitos na homologação.
• Assédio institucional: é um instrumento de gestão
O sistema de trabalho capitalista atual e as práticas de gestão propiciam a instalação do assédio moral, provocando pressão e estimulando a rivalidade e as condutas desleais, como mostrou os resultados desta pesquisa. Para auxiliar o trabalhador a não perder a sua saúde mental e capacidade produtiva, faz-se necessário um investimento mássico em implantação de ações de prevenção de saúde que forneçam informações fidedignas e possibilitem o autoconhecimento – por não conhecer a si mesma é que a vítima torna-se presa fácil de falsos elogios - e autoaceitação, assim como instituição de políticas de recursos humanos que o valorizem, a fim de capacitá-lo a ter um relacionamento saudável com o meio ambiente que o cerca, uma vez que a produtividade está diretamente ligada a um ambiente sadio, à motivação e ao nível de autoestima. Investir no capital humano implica em um aumento da satisfação do mesmo: baixos índices de absenteísmo e turn over; menores gastos com despesas médicas, seleção e capacitação de substitutos; menos perda de tempo; minimização da evasão de talentos; e maior produtividade, uma vez que as pessoas costumam somatizar os problemas. Somente por meio de um trabalho de conscientização nas empresas em acabar com a complacência e a cumplicidade com o indivíduo perverso e, principalmente, educando os dirigentes, é que se poderá neutralizar a disseminação desse psicoterrorismo.
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