Paranóia
(Soc. Bras. de Psiquiatria Clínica)
Paranóia é um termo utilizado por especialistas em saúde mental para descrever desconfiança OU suspeita altamente exagerada OU injustificada. A palavra é freqüentemente utilizada na conversação cotidiana, em geral em momentos de rancor e de forma incorreta. Simples desconfiança não é paranóia – especialmente se fundamentada em experiência passada OU em expectativas baseadas na experiência alheia. As paranóias podem ser classificadas em três categorias principais: distúrbio paranóide de personalidade, distúrbio delirante paranóide e esquizofrenia paranóide. DISTÚRBIO PARANÓIDE DE PERSONALIDADE Algumas pessoas tornam-se desconfiadas sem motivo, em tal grau que seus pensamentos paranóides destroem sua vida profissional e familiar. Diz-se que tais pessoas têm distúrbio paranóide de personalidade. Desconfiadas A desconfiança permanente é um sinal inconfundível de paranóia. Pessoas com distúrbio paranóide de personalidade estão constantemente em guarda, por enxergarem o mundo como um lugar ameaçador. Tendem a confirmar suas expectativas, agarrando-se a mínimas evidências que confirmem suas suspeitas, e ignoram OU distorcem qualquer prova em contrário. Hipersensíveis Por estarem excessivamente alertas, as pessoas com distúrbio paranóide de personalidade percebem qualquer minúcia e podem ofender-se sem motivo. Em conseqüência, tendem a ser excessivamente defensivas e hostis. Quando cometem algum erro, não reconhecem a culpa, nem aceitam a mais leve crítica. Entretanto, são extremamente críticas em relação aos outros. Pode-se dizer que tais pessoas fazem “tempestade em copo d’água”. Frias e Distantes Além de serem polemistas e irredutíveis, as pessoas com distúrbio paranóide de personalidade têm dificuldade de manter vínculos afetivos. Parecem frias e evitam relacionamentos interpessoais. Orgulham-se de serem racionais e objetivas. Pessoas com uma perspectiva paranóide em relação à vida raramente procuram auxílio-médico _ não faz parte de sua natureza pedir ajuda. Profissionalmente podem atuar com competência. Podem procurar redutos sociais onde o estilo moralista e punitivo seja aceitável OU, até certo ponto, tolerável. DISTÚRBIO DELIRANTE PARANÓIDE A característica mais marcante é a presença de um tipo de delírio persistente e não bizarro, sem sintomas de qualquer outro distúrbio mental. O delírio mais comum nos distúrbios delirantes é o persecutório. Enquanto pessoas que têm personalidade paranóide podem suspeitar de que seus colegas estão rindo à sua custa, pessoas com delírio de perseguição desconfiam que os outros estejam elaborando grandes tramas para perseguí-los. Acreditam que estão sendo envenenadas, drogadas, espionadas, OU que são alvo de conspirações com o intuito de arruinar sua reputação OU até lhes causar a morte. Às vezes, movem ações judiciais com a intenção de serem ressarcidas por injustiças imaginárias. Outro tipo freqüentemente observado é o delírio de ciúme. Qualquer indício _ até uma mancha insignificante na roupa OU um pequeno atraso para chegar em casa _ é interpretado como evidência de que o cônjuge está sendo infiel. Pessoas com delírios de grandeza geralmente acham que são dotadas de poderes especiais e que, se autorizadas a praticar esses poderes, poderiam curar doenças, erradicar a pobreza, assegurar a paz mundial OU executar feitos extraordinários. Indivíduos com delírios hipocondríacos estão convencidos de que há algo com seu corpo _ acham que exalam mau cheiro, sentem-se infectados por insetos OU se julgam deformados e feios. Devido a esse tipo de delírio, tendem a evitar o convívio social e passam muito tempo consultando médicos sobre suas doenças imaginárias. ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE Idéias e comportamento paranóides, são características de uma forma de esquizofrenia chamada de esquizofrenia paranóide. Indivíduos que sofrem de esquizofrenia paranóide normalmente são acometidos de delírios extremamente bizarros OU alucinações, quase sempre sobre um tema específico. Freqüentemente ouvem vozes que outros não podem ouvir OU acreditam que seus pensamentos estão sendo controlados OU divulgados em voz alta. Além disso, seu desempenho em casa e no emprego se deteriora, muitas vezes com um grau menor de expressividade emocional. Por outro lado, as pessoas com distúrbio paranóide relativamente mais discreto podem ter sintomas como delírios persecutórios OU de ciúmes, mas não as alucinações acentuadas OU impossíveis e os delírios bizarros da esquizofrenia paranóide. Tais pessoas geralmente podem trabalhar e seu comportamento e expressão emocional são coerentes com o tema de seus delírios. Excetuando os delírios, seu pensamento permanece sistematizado e lógico, ao contrário das pessoas com esquizofrenia paranóide, que, com freqüência, têm o pensamento desorganizado e confuso. CAUSAS DA PARANÓIA Fatores Genéticos Há evidências de que sintomas paranóides na esquizofrenia podem ter influência genética. Além disso, pesquisas recentes têm indicado que distúrbios paranóides são significamente mais comuns em parentes de pessoas com esquizofrenia do que na população em geral. Fatores Bioquímicos O abuso de drogas como anfetaminas, cocaína, marijuana, PCP (“pó de anjo”), LSD OU outros estimulantes OU compostos “psicodélicos” pode produzir pensamentos OU comportamento paranóides, OU agravar os sintomas já existentes em pacientes com doença mental mais grave, como esquizofrenia. “Stress” Há evidências de que a paranóia incide mais entre imigrantes, prisioneiros de guerra e outras pessoas submetidas a altos níveis de “stress”. Um defeito genético, uma anomalia cerebral, um distúrbio no processamento de informações _ OU de todos os três fatores _ poderiam predispor uma pessoa à paranóia; o “stress” poderia simplesmente atuar como fator desencadeante.
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