Psicanálise de "A BELA ADORMECIDA"
(Bruno Bettelheim)
“Experiência que só pertence às mulheres”. No conto de Bela Adormecida, assim é a síntese da Psicanálise do autor sobre este conto. Começa lembrando que a figura do tempo gasto passivamente pela princesa fechada sobre si mesma caracteriza o começo da sexualidade. No conto em apreço, a figura da princesa dormindo e do príncipe admirando a sua beleza, é o oposto da PSIQUE, onde é o Príncipe quem dorme. Fala depois a respeito das duas versões mais conhecidas deste conto – a de Perrault e a dos Irmãos Grimm. Antes de explicar a diferença, intromete o PENTAMERONE de Basílio com “O Sol, a Lua e Tália”. Em resumo “A Bela Adormecida” caiu em seu sono por uma farpa de cânhamo no dedo que sangra, engravida inconsciente e dá à luz dois filhos, sem acordar e um dos gêmeos acaba indo sugar o dedo com a farpa e ela desperta. No fim, depois de trágicas tentativas da rival, o rei pai das crianças casa com Tália e “são felizes para o resto da vida”. “Perrault junta por sua conta uma fada que roga uma praga”. Em Perrault há um Rei pai e um Príncipe que a desperta de 100 anos de sonho. O enredo do conto da Bela Adormecida, nas duas versões leva ao final feliz. Lembra o autor que na versão dos Irmãos Grimm fica faltando castigar a Malvada que queria destruir as crianças. “As versões de Perrault e dos Irmãos Grimm indicam que podemos ter que esperar muito tempo para realização sexual, que é ter um filho”. O simbolismo da menstruação no sangramento do dedo com o fuso do tear deixando a farpa de cânhamo de onde resulta o adormecimento da princesa, prossegue até o nascimento dos filhos, mas só vai alcançar o auge da feminilidade ao amamentar. “A sucção do bebê extraindo a farpa do dedo da mãe é o fato que a desperta e traz de volta á vida”. “Porque ela o amamenta e ele se nutre dela, deste fato a mãe ressurge para a vida ao alimentar outra vida”. “Ele lhe acrescenta uma nova dimensão à vida”. “Na Bela Adormecida não é só ela que desperta – os pais e todos os habitantes do castelo, todos despertam” porque só em nascendo uma criança, a humanidade pode continuar existindo.
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