A Hora da Estrela
(Clarice Lispector)
A obra inicia com um prefácio, em forma de dedicatória, em que ela se propõe uma reflexão desenvolvida através dos verbos dedicar, dedicar-se e meditar. A seguir, uma seqüência de subtítulos que sugerem vários aspectos do livro: A culpa é minha /ou/ A hora da estrela /ou/ Ela que se arranje /ou/ O direito ao grito etc. A narrativa é lenta, em conseqüência das inúmeras digressões do narrador Rodrigo S.M (Descrever me cansa, (...). Como é chato lidar com fatos, o cotidiano me aniquila, estou com preguiça de escrever esta história...). Há mistura de notações generalizantes (Às vezes só a mentira salva, "O sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: sofrer amadurece") com indicações nuas e cruas (Depois que ele desapareceu, eu, para não sofrer, me divertia amando mulher. O carinho de mulher é muito bom mesmo, eu até aconselho porque você é delicada demais para suportar a brutalidade dos homens e se você conseguir uma mulher vai ver como é gostoso, entre mulheres o carinho é mais fino). Há registros íntimos (Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei...) e observações de pertinência social (Nascera inteiramente raquítica, herança do sertão, (...). Essa moça não sabia que ela era assim como um cachorro não sabe que é cachorro, (...) nem se dava conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável). Há vários trechos em que se fazem considerações sobre o papel do escritor brasileiro moderno e a condição indigente da população brasileira: Antecedentes meus do escrever? Sou um homem que tem mais dinheiro do que os que passam fome, o que faz de mim de algum modo um desonesto. (...) através dessa moça dou o meu grito de horror à vida. A vida que tanto amo. São abundantes as reflexões sobre a figura feminina, sua condição social e individual, sua condição humana transcendental: Teria ela o sensação de que vivia para nada? Nem posso saber, mas acho que não (...). Mas eu que não chego a ser ela, sinto que vivo para nada, (...). Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que costumava datilografar; ouvia freqüentemente a Rádio Relógio, não só para saber as horas, mas para aprender coisas curiosas, que ela achava sempre lindas. Teve um namorado, Olímpio de Jesus, também nordestino, operário de metalúrgica cujo sonho era ser açougueiro e mais tarde deputado. Acabou abandonando o namoro com Macabéa para ficar com uma amiga dela, Glória, uma carioca, oxigenada, de família classe média baixa. Sentindo-se infeliz, Macabéa, a conselho de Glória, foi consultar uma cartomante, Madama Carlota, que acertou tudo a respeito de seu passado e predisse coisas maravilhosas em relação ao seu futuro. Ao sair da casa da mulher, Macabéa foi atropelada e acabou morrendo, eis a Hora da estrela, quando um fotógrafo registra sua trajédia...
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