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O homem que inventou Fidel (parte 1)
(Anthony DePalma)

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O Homem que inventou Fidel – Cuba, Fidel e Herbert L. Matthews do New York Times, do jornalista estadunidense Anthony DePalma, e editado no Brasil pela Companhia das Letras (2006; 382 p.), não traz grandes novidades acerca do caráter do ditador cubano Fidel Castro. A intenção, talvez, nem fosse esta. Anthony DePalma, que foi repórter e correspondente do New York Times (NYT) por quase 20 anos, traz a ira na ponta da pena contra tudo e todos e, em especial, em relação a seu colega não-contemporâneo de NYT, Herbert L. Matthews (1900/1977).
Explica-se. Matthews trabalhou no NYT durante 45 anos, foi correspondente nas 1ª e 2ª Grandes Guerras, na guerra civil espanhola, nos conflitos na Etiópia e, finalmente, na Revolução Cubana. Neste último caso, conquistou o direito de acesso direto a Fidel Castro, após ter sido o primeiro repórter a entrevistá-lo, quando o rebelde se encontrava acossado na Sierra Maestra, pelas tropas do general Fulgêncio Batista, comandante-em-chefe de Cuba, em 1957.
A ira de DePalma cheira a ressentimento. Afinal, tentou, mas não conseguiu jamais uma entrevista com o líder máximo de Cuba, enquanto Matthews sempre teve livre acesso. Ao longo do livro, DePalma acusa seu colega (já morto, quando da publicação da obra, portanto sem direito à defesa) de ter sido enganado por Fidel, que nunca se declarara comunista ao repórter, mas, defende DePalma, na verdade era. Não era, e o próprio DePalma escreve isso em seu livro: "Nas questões mais importantes, referentes ao comunismo do líder cubano, à implosão da União Soviética e ao fim da Guerra Fria, sugeriram que Fidel sempre foi movido pelo poder, nunca pela ideologia. Ele mostrou-se disposto a explorar qualquer situação a fim de preservar seu controle do poder", registra DePalma.
Enquanto a embaixada dos Estados Unidos em Cuba se curvava a Batista, com relações de proximidade entre embaixadores e ditador que cegavam a visão do governo americano para a realidade da ilha, Fidel esperava apenas o apoio de seu vizinho mais próximo e poderoso. Não para implantar um regime comunista, mas para tomar o poder e se perpetuar por meio de uma social-democracia (saúde e educação estavam em frangalhos após ditaduras corruptas intermináveis a comandar o país) que lhe rendessem simpatia e lealdade do povo cubano. Não importava se os recursos para isso seriam de fundo capitalista ou comunista. Longe de ser um marxista-leninista, as circunstâncias levaram Fidel a se transformar em um ditador stalinista - assim como Stálin, Fidel tomou o poder fuzilando os traidores e, até hoje, conta a lenda cubana, não parou.
O governo americano, que não deveria ter como base de suas resoluções reportagens do NYT - pois, se tivesse, poderia dispensar seu corpo diplomático e o FBI -, cansou de acusar, assim como DePalma, Matthews por ter publicado informações "incorretas" sobre Fidel. Oras, a primeira reportagem de Matthews sobre Fidel, copiada do NYT no final do livro de DePalma, mostra exatamente o que líder lhe falou na entrevista concedida na selva - Fidel confirma, posteriormente. Ou seja, o repórter não foi enganado, apenas fez o seu papel de levantamento de informações antes da entrevista, falando com várias fontes, e de reportar o que viu e ouviu da fonte principal durante o encontro.
O estrabismo do governo americano que o impede (até hoje) de enxergar além do seu quintal forjou em Matthews o bode expiatório necessário para o grande erro dos EUA em relação à Cuba. Perderam a ilha, um ponto geopolítico estratégico durante a Guerra Fria, para seu maior inimigo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), enquanto o fator Cuba poderia ter sido resolvido com um mínimo de respeito aos direitos dos cidadãos cubanos - a exemplo dos próprios EUA, onde esses direitos sempre estiveram em primeiro lugar.
Se Fidel fosse comunista teria sido apoiado pela URSS quando estava praticamente só e sem armas na Sierra Maestra. Fidel tentou angariar o apoio dos EUA contra Batista, mas a diplomacia americana na ilha estava envolvida demais com o governo do ditador militar. "Cuba se tornou uma aberração, uma versão enviesada e desconjuntada do comunismo, sem receber ordens de nenhum comitê internacional", conclui DePalma, não muito longe do que Matthews já havia sacado: "O comunismo não foi uma causa da Revolução Cubana, foi um resultado. Não foi o inepto pequeno Partido Socialista Popular cubano, nem a cautelosa, desconfiada, mas geralmente satisfeita União Soviética; foi a existência de problemas e eventos que levou a Cuba castrista para o campo comunista".



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