A transformação socialista do homem
(Lev Semenovitc Vigotski)
VIGOTSKI, Lev Semenovitc. A transformação socialista do homem. Disponível em http://www.pstu.org.br/cont/subjetividade_vigotski . Acesso em 12 set. 2007.
O autor inicia o texto falando sobre alguns aspectos da evolução humana e comenta a heterogeneidade da personalidade humana, originada pelo crescimento da sociedade industrial. Ele afirma que o caráter de classe, a natureza de classe e as distinções de classe são as responsáveis pela formação dos tipos humanos.
Vigotski comenta as clássicas descrições de Marx sobre o período inicial do capitalismo. Marx aborda freqüentemente a questão da corrupção da personalidade humana, originada pelo crescimento da sociedade capitalista industrial. Em um extremo da sociedade encontra-se a divisão entre o trabalho intelectual e o material, representada pela separação entre a cidade e o campo, a exploração do trabalho de crianças e mulheres, a pobreza e a impossibilidade de um desenvolvimento do potencial humano, no outro extremo, deixando claro o contraste, encontra-se somente folga e ostentação.
Desse contexto resulta a distinção do tipo humano, com diferentes classes sociais, a corrupção, a distorção da personalidade humana, a submissão e aceitação de um desenvolvimento inadequado e unilateral.
O avanço do capitalismo resultou no desenvolvimento da produção material, que trouxe consigo a divisão progressiva do trabalho e o crescente desenvolvimento distorcido do potencial humano. Se na manufatura e no trabalho artesanal o trabalhador usava suas ferramentas, nas fábricas ele passou a ser o criado das máquinas, seguindo seus movimentos e transformando-se em extensões vivas do maquinário.
O autor cita que Marx nomeava esse processo como “mutilação do trabalhador”, pois ele era submetido a uma função parcelar, desenvolvendo de maneira artificial apenas uma habilidade parcial, o que gerava monotonia e descontentamento.
Vigostki comenta que o recrutamento infantil em grande escala tornou-se possível devido a simplificação das tarefas, com a divisão do trabalho, e em função da busca por mão-de-obra mais barata. Marx caracterizava esse fato como “esterilidade intelectual”, “degradação física e intelectual”, “reconversão do seres humanos imaturos em máquinas para obtenção de mais-valia”, e afirmava que todo esse processo resultava em uma situação na qual “o trabalhador existe em função da saúde do processo de produção, e não o processo de produção em função da saúde do trabalhador”.
O texto cita que Marx afirmava que a industrialização de grande escala determinava mudanças no trabalho, modificações de funções e uma completa mobilidade para o trabalhador, sendo que, o indivíduo que foi transformado em uma fração seria substituído por outro totalmente desenvolvido. Se no princípio do capitalismo o indivíduo era incumbido de apenas uma função fracionada, seu papel era apenas de executor e caracteriza-se como uma extensão viva da máquina, ao término, a indústria iria requerer uma pessoa plenamente desenvolvida, flexível e capaz de mudar e controlar as formas de trabalho.
O autor afirma que ao longo de todo esse processo haverá uma mudança na personalidade humana e uma transformação do próprio homem, tendo como exemplo mais concreto a combinação de trabalho físico e intelectual, sendo que, as ações deixarão de ser dirigidas contra as pessoas e passarão a trabalhar por elas, promovendo assim um progressivo desenvolvimento da personalidade humana.
Vigostki conclui o texto destacando como aspectos fundamentais da transformação do homem a coletivização, a unificação do trabalho físico e intelectual, a mudança nas relações entre sexos, e a abolição da separação entre desenvolvimento físico intelectual, sendo a liberdade humana o resultado a ser alcançado, o que originará um novo homem.
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