O ser humano um ser de palavra
(Jean-Francois Chanlat)
CHANLAT, J. F. O ser humano, um ser de palavra. O indivíduo nas organizações, São Paulo, v.3, p. 19-22, 1 ed.
O autor inicia o texto comentando sobre a importância da comunicação no universo da gestão. Mas é no mundo dos negócios que a comunicação ainda apresenta uma concepção mecânica, herdada das teorias de engenheiros e matemáticos, cujas afinidades com gestão são puramente aspectos economicista e tecnicista.
Chanlat afirma que os matemáticos e engenheiros visavam apenas fatores como rentabilidade, eficácia, eficiência e racionalidade, por esse motivo classificavam o exercício da comunicação como perda de tempo e de dinheiro.
Jean, afirma que essa teoria constituiu uma realidade com uma enorme quantidade de documentos escritos que aumenta cada vez mais. Nas empresas muitos executivos se queixam do tempo gasto com numerosas reuniões semanais, com a confecção de inúmeros relatórios, da comunicação por meio de memorandos e recados escritos, e até mesmo da proibição de falar em alguns postos de trabalho. Isso demonstra a intolerância em relação à expressão oral nas organizações.
O autor cita que não só no mundo da gestão a palavra é utilizada de maneira reduzida, mas também nas escolas, na política e principalmente na mídia, pois é exigido dos profissionais que atuam nessa área uma redução do vocabulário e a utilização de mensagens curtas.
Diante de tal situação, interesses de pesquisas envolvendo a comunicação nas organizações começaram a surgir. Mas depois de alguns anos esta situação começou a mudar, pois notou-se que o assunto era bastante complexo e as dificuldades encontradas no campo da comunicação humana obrigavam alguns pesquisadores a uma maior reflexão e exploração. Assim, o pensamento, a palavra e a linguagem, dimensões esquecidas, ressurgem, interrogam e esclarecem o comportamento humano nas organizações.
O autor explica que a palavra e a linguagem têm três funções. Inicialmente, a função de expressão ou o falar, pelo qual o indivíduo exprime o que ele é, sua afetividade, suas emoções, ou ainda pela qual se constroem ou destroem as identidades coletivas. Em seguida, a ação através dos atos da palavra ou do fazer, e a terceira e última, a função cognitiva, o pensar, que nos mostra como o conhecimento e o pensamento são indissociáveis da linguagem e como participam não apenas da construção intelectual das organizações, mas também da ação.
Chanlat comenta que o surgimento de uma nova visão da comunicação, que não considera o ser humano apenas como um emissor ou receptor, nos remete a um ser de palavra e nos permite compreender que o pensamento, a palavra e a linguagem só adquirem sentido em determinado contexto social, onde as relações de poder exercem um papel determinante na construção da palavra legítima e da verdade.
O autor finaliza afirmando que a pluralidade lingüística, que na maioria das vezes é fonte de tensões nas organizações, evidencia um conflito entre identidades coletivas distintas, pois a palavra ou as diversas linguagens, enquanto expressão individual ou coletiva, são testemunhas do ser.
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