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O conceito de Esclarecimento
(Theodor Adorno; Max Horkheimer)

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O Esclarecimento é uma maneira de pensar que busca combater os mitos, livrando os seres humanos do medo e transformando-os em dominadores do mundo por meio do conhecimento da natureza, saber que é igualmente um instrumento do poder, de controle do mundo natural que se torna possível gráças ao conhecimento das suas leis. O Esclarecimento se opõe ao mito e à magia, respectivamente, à explicação do estado de coisas do mundo por meio de narrativas fantásticas e a tentativa de controle da natureza mediante o mimetismo, a imitação. Também se opõe à metafísica, que é o mito abstraído, visto de um ponto de vista ideal, e não mais narrativo. A oposição entre o Esclarecimento e as outras formas de pensamento é destrutiva: o primeiro tende a destruír as segundas para realizar o seus fins; estes são os da autoconservação de si mesmo. Esse tipo de racionalidade surge na Grécia antiga, no mundo dos mercadores do Mediterrâneo, e já aparece no poema épico da Odisséia de Homero, e se desenvolve, mais tarde, junto com a evolução do sistema econômico capitalista. O Esclarecimento, em sua luta contra os mitos, elimina não apenas os deuses e demônios, a magia e a metafísica, como igualmente os conceitos e a reflexão, reduzindo tudo a um instrumental lógico-matemático de conhecimento. Então o Esclarecimento revela que, ele próprio, teme os mitos, pois se enxerga neles. Ele se converte em seu contrário por causa do contexto social: a evolução do capitalismo conduz a uma organização "totalitária" da vida social. A sociedade se enrijece na sua própria estrutura de dominação de classes, e o indivíduo tende a ser apenas uma peça na engrenagem na máquina social, sendo obrigado a se adaptar às funções econômicas. Então, o Eclarecimento renuncia à sua própria realização, se transformando neste instrumento cego de dominação sobre os homens e sobre a natureza. cuja força se volta contra a autoconservação, convertendo-se em poder de destruição. Sob a hierarquia da divisão do trabalho, os dominados se reprimem, e o dominador regride. A modernidade, assim, também se mostra como mais um capítulo da pré-história, pois, enquanto realização do programa do Esclarecimento de inverter a relação de poder entre a natureza e o homem, em favor do segundo, na verdade libera forças naturais de destruíção do próprio homem. Isso tudo ocorre gráças ao princípio de dominação que rege o conjunto das relações sociais entre os homens, destes com a natureza e do homem consigo mesmo. Daí que os autores afirmam que há uma unidade entre a sociedade capitalista e a dominação. Neste contexto, a própria razão não constitui mais um referencial de autonomia e liberdade, mas um puro órgão do pensamento dominador, um instrumento intelectual do poder, que ao submeter tudo a um Eu controlando o Outro, na verdade elimina o próprio Eu e submete-o a poderes cegos e irrefreáveis, e com isso a razão é apenas um meio racional para a realização de fins racionais. Apenas uma sociedade emancipada pode levar a humanidade a superar uma tal situação de reificação e alienação. Mas a própria esperança da prática revolucionária, envergonhada da sua fantasia "utópica", se curva perante os princípios da sociedade que busca destruír e se apega a uma crança na "tendência objetiva da história", na fé em um desenvolvimento por etapas pré-determinadas e inevitáveis. Por afirmações como essa, Adorno e Horkheimer foram rotulados de pessimistas, o que me parece injusto. Melhor é a maneira como eles próprios (e também Marcuse) se definiam: teóricos críticos.



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