O perigo da vaidade
(Octávio Caúmo Serrano)
Não podemos ignorar que as telas da TV exercem certo fascínio sobre as pessoas. Numa simples entrevista de rua, percebe-se a importância que damos, perdendo por vezes nossa própria identidade e servindo de chacota nas abomináveis pegadinhas e assemelhados. Em nosso livro Pontos de vista, editado em 1996 e distribuído pela editora O Clarim, estampamos um artigo de nossa autoria publicado no Jornal “A Voz do Espírito”, São José do Rio Preto, na edição de março/abril de 1995. Chama-se “ O desmentido não tem a força da notícia”. O texto trata de um programa de televisão que era levado ao ar na cidade de São Paulo no fim da noite. Nesse dia, um espírita de uma das Federativas Estaduais participava do programa como convidado, já que o canal e a reunião estavam sob a tutela da Igreja Universal do Reino de Deus. Quase ao final do programa, um pastor dirigiu-se ao nosso confrade e afirmou: “ Se o espiritismo fosse bom, Kardec não teria se suicidado”. Antes que ele tentasse argumentar, o coordenador interrompeu-o, lamentando. “Desculpe, mas o tempo está esgotado”. E o programa saiu do ar...Passado alguns dias, o mesmo conhecido e influente pastor, procurou seu “dileto amigo” espírita na Federativa, para desculpar-se, já que ele havia pesquisado e concluíra que realmente Kardec não havia suicidado, mas sim fora vítima do rompimento de um aneurisma. Propunha-se a ir até o auditório da casa para pedir desculpas publicamente. Vejam que gesto generoso e humildade. O espírita, sensibilizado, agradecido pela compreensão, ficou muito aliiado porque o seu “amigo” chegara a essa conclusão. Até publicou o comentário no jornal do órgão. A diferença é que a notícia caluniosa foi dada pela televisão, em rede nacional, via satélite, e o desmentido seria num auditório para quinhentas pessoas, todas espíritas e que sabiam bem como Kardec desencarnara. Não tendo como frear o desenvolvimento acelerado da doutrina espírita, que ganha adeptos a cada dia e conta incusive com a mídia que percebe nele uma verdade a ponto de explorar a mediunidade em filmes, novelas e programas de toda ordem, nossos irmãos criam armadilhas para denegrir a Codificação Espírita. Lamentável, porém, que companheiros que ocupam posições de destaque no nosso movimento se deixem enganar e caiam diante das artimanhas dos que desejam combater-nos e sabem como fazê-lo com toda sutileza. O episódio que mencionamos, infelizmente não é o único e acaba se repetindo. Inocência imaginar que os adeptos de uma doutrina irão chamar-nos para ir aos seus veículos de comunicação com a intenção de permitir-nos divulgar os postulados do Espiritismo. Com que interesse eles fariam isso? É racionalmente ilógico pensar que vão nos deixar divulgar nossas idéias, que tanto atrapalham os seus propósitos financeiros. Nós também não o fazemos. Os espíritas, no entanto, como não tem espaços suficientes para mostrar-se no vídeo, aceitam qualquer convite e fazem um grande mal ao Espiritismo. Esses religiosos, com discurso padronizados e especialistas em comunicação, sabem perfeitamente como desarmar-nos. Floreiam com os textos bíblicos, especialmente com citações do velho testamento, que os espíritas desconhecem porque não lêem a Bíblia, demonstrando para o espectador que são sobejamente mais cultos e tem melhores receitas de salvação que nós. E como as pessoas estão em busca de facilidades, é mais interessante uma religião que salva pelo sangue que outra que recomenda a luta pela modificação do caráter, algo bem mais trabalhoso. O pior, porém, é que independente de não poder competir com eles, os espíritas se enrolam entre si. Ainda não chegaram ao consenso sobre o que deve ser divulgado quando enfrentam a mídia. Ao invés de falar da pureza do evangelho, falam de períspirito, de ectoplasma e até defendem a natureza fluídica do corpo de Jesus. Discutem o corpo quando deviam falar da alma do Cristo. Do seu Evangelho. Das lições que são grandes armas de que dispõe a humanidade para a busca da paz e da sonhada felicidade. Não é da nossa conta o que fazem as outras doutrina no sentido de atingir seus melhores interesses. Se eles mentem,fraudam, engodam, eles hão de responder perante as leis divinas. Nossa preocupação é alertar os espíritas que, ávidos de se verem em evidência, via embratel, servem inocentemente de isca na ilusão de que há sinceridade fraternal no convite que esses homens nos fazem. Com isso, metendo os pés pelas mãos, fazem mais mal que bem ao Espiritismo, sem que nem mesmo percebam. Felizmente, o Espitismos não se deixa arranhar por episódios dessa natureza, porque é maior e mais consistente que a ganância venal dessa cobras que esperam o momento de dar o bote. A prudência, porém, já foi ensinada por Jesus, é importante para que o bem vença o mal. Não nos exponhamos inutilmente como cordeiros na boca de lobos.
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