casimiro de abreu
(jair; jadson)
Poeta brasileiro. Publicou em vida um único
livro, As primaveras (1859), que teve enorme aceitação popular.
Os anseios da juventude e as saudades da infância, por um lado, e o prazer de um
firme compromisso com sua terra natal, por outro, conjugaram-se com idêntico
peso para fazer da obra de Casimiro de Abreu, precoce, curta e espontânea, uma
das expressões mais legítimas da poesia do romantismo brasileiro.
Filho natural de um rico comerciante português e de uma fazendeira envolvidos
num caso de amor tempestuoso, Casimiro José Marques de Abreu nasceu na fazenda
da Prata, no atual município de Silva Jardim RJ, em 4 de janeiro de 1839. No
prefácio de seu único livro publicado em vida, As primaveras (1859), o poeta
apresentou-se como "pobre filho do sertão" e ainda como "filho dos trópicos" que
deveria "escrever numa linguagem -- propriamente sua -- lânguida como ele,
quente como o sol que o abrasa, grande e misteriosa como as suas matas
seculares".
Treinado em vão para suceder ao pai nos negócios, transferiu-se para o Rio de
Janeiro e, ainda garoto, foi estudar em Portugal (1854). A formação acadêmica,
no entanto, foi preterida pela vida de artista e uma entrega cada vez mais total
à brasilidade nascente.
No prólogo da cena dramática Camões e o jaú, encenada em 1856 em Lisboa,
Casimiro referiu-se, com saudade dos trópicos, ao "Portugal velho e caduco" que
não lhe dizia mais muita coisa. Em Camila, fragmentos de um romance inacabado,
"os ridículos desta sociedade enfatuada" foram trazidos à baila. Em A virgem
loura, diz que foi obrigado, como poeta, a abraçar a vida comercial, "essa vida
prosaica que absorve todas as faculdades num único pensamento, o dinheiro, e
que, se não debilita o corpo, pelo menos enfraquece e mata a inteligência".
No poema de circunstância "A Faustino Xavier de Novais", ele demonstra não ter
sido somente o cantor de uma ternura ingênua. Imbuído do mais puro sarcasmo,
aponta suas armas, nesse poema, contra os desvios sociais da época: "Venha a
sátira mordente, / Brilhe viva a tua veia, / Já que a cidade está cheia / Desses
eternos Manés: / Os barões andam às dúzias / Como os frades nos conventos, /
Comendadores aos centos, / Viscondes -- a pontapés. // (...) Pinta este Rio num
quadro: / As letras falsas dum lado, / As discussões do Senado, / As quebras, os
trambolhões, / Mascates roubando moças, / E lá no fundo da tela / Desenha a
febre amarela, / Vida e morte aos cachações."
Foram porém os versos líricos, de fatura em geral bem despojada, que garantiram,
após a morte do poeta, o sucesso extraordinário que sua obra alcançou até meados
do século XX. Versos que muitas vezes ganharam forma emblemática e entraram para
a linguagem corrente, como o que diz que "Simpatia é quase amor".
Ao regressar de Portugal, em 1857, Casimiro de Abreu fixou-se no Rio de Janeiro
para continuar sua obra e trabalhar na firma do pai, mas logo foi vítima do mal
dos românticos: a tuberculose. Com exatos 21 anos, dez meses e 14 dias, faleceu
na fazenda do Indaiaçu, no atual município de Casimiro de Abreu RJ, em 18 de
outubro de 1860. Em Lisboa, ele escrevera em 1857 uma "Canção do exílio" ("Meu
lar") em que partia da aceitação premonitória, "Se eu tenho de morrer na flor
dos anos", para a formulação de um desejo que se realizou plenamente: "Quero
morrer cercado dos perfumes / Dum clima tropical."
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