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Capitu traiu ou não o Bentinho?
(Valquiria Rumor ; Dalton Trevisan ; Machado de Assis)

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Esta pergunta é
a que não quer calar em aulas de português no ensino médio. A polêmica
deste livro impressionante de Machado de Assis, Dom Casmurro, gera debates
inacabáveis em sala de aula, com direito a Juizes e a Advogados também.
Escrevo este estudo para quem gostaria de possuir alguns argumentos,
apesar de sabermos que esta pergunta é impossível de ser respondida
com dados suficientes para provar a traição ou não de Capitu, por
este livro ter sido escrito em primeira pessoa, o acusador Bento Santiago,
e pelo fato de Machado não ter contado a alguém se isto aconteceu
ou não. Há quem diga que esta é como uma biografia de Machado de
Assis, pelo fato de ele ter sido também “supostamente traído”
por sua esposa. Neste estudo, procuro me posicionar a favor de Capitu,
baseando-se no próprio livro, demonstrando o quanto Bento era neurótico
com esta suposição.
Para começar,
no capítulo XXXI, Bento diz que “Capitu preferia tudo ao seminário”,
ou seja, ela queria ficar com ele, mas ela compreendia que Dona Glória,
a mãe de Bento, havia feito uma promessa, e que já não tinha mais
o que fazer. Ela se preocupava muito com seu amor. Uma característica
muito forte de Capitu era a curiosidade. Parecia que isso despertava
um certo ciúme em Bento. Capitu era como a maioria das mulheres: charmosa,
manipuladora (mesmo se perceber), e isto Bento confirmava: “ela era
mais mulher do que eu era homem” (capítulo XLII).
Sabendo que não
tinha mais jeito, que Bento teria mesmo que ir ao seminário, Capitu,
no final do capitulo XLIV, tentou agradá-lo, pedindo a ele para batizar
o seu primeiro filho, apesar de, na verdade, a sua vontade era a de
ter um filho com Bento e não com outra pessoa. Ele fica bravo, não
entende, eles brigam e no capitulo XLVI, ela tenta fazer as pazes com
ele.
Para tentar melhorar
a situação, eles fizeram um pacto (capitulo XLVIII), ela jurou que
nunca se casaria, e depois, pensando melhor, decidiram prometer que
um dia eles se casariam um com o outro. Ela “temia a separação deles”.
Bento valorizava
muito as características de Escobar (capitulo LVI), ele admirava demais
o seu amigo (tanto que esta admiração chegava a parecer mais é inveja).
Como nos casos
de gravidez psicológica, que realmente acontece (com direito a barriga
grande, enjôos e tudo o que uma mulher grávida de verdade sente),
para a mulher que anseia muito ter um filho, assim o foi para Bento,
no que diz respeito a suposta traição de Capitu. Isto estava tão
forte em sua mente (“as proporções dos acontecimentos e a cópia
deles, fica robusto e disposto, e o mal é menor mal”, capitulo LVII)
que ele acreditava nisso fielmente. Realmente não têm como dar muitos
créditos a Bento, pois no capitulo LVIII, ele mesmo confessa que suas
idéias eram difusas e confusas, que não davam em nada. Além de ele
sempre pensar com o coração ardendo com o momento, não vendo as hipóteses,
(capitulo LXXIII) era somente o que ele achava e pronto. Bento ainda
era muito desesperado, sem noção do que há verdadeiramente em sua
volta (capitulo LXXV).
Capitu tinha sonhos
com Bento, se preocupava com ele e com sua família, no capitulo LXV,
ela acha até um jeito de “disfarçar o juramento deles”, enganado
os outros. Ela falava muito dele, o amava muito (capitulo LXXVI) e era
muito amiga da sogra (capitulo LXVI). Capitu continuou sendo o tempo
todo a mesma menina de sempre (capitulo LXXXI).
O capitulo LXXI
mostra o quanto Bento e Escobar eram amigos. Todos queriam muito bem
Escobar, e percebiam a amizade deles. Não tinha razão para seu amigo
o trair. Bento era tão neurótico que acabava enxergando Escobar em
seu único filho, Ezequiel (capitulo CXVI).
Porém Bento não
tinha noção das coisas, e chegava a ter ciúmes de Capitu por ela
ficar olhando para o mar! Episódio do capitulo CVII.
Um episódio muito
comentado é do capítulo CXXVIII, momento em que o corpo de Escobar
é velado, por ter morrido afogado (quem sabe não foi uma história
de Bento? Quem sabe não foi ele quem matou seu amigo?). No enterro
de seu marido, Sancha chora muito, descontroladamente, porém Capitu
deixa escorrer apenas uma única lágrima, com os olhos totalmente fitados
no defunto, sim, ela sentia muito a perda de seu amigo, mas não queria
causar mais sofrimento ao Bento que ardia em ciúmes.
Como ninguém é
de ferro, a Capitu já não agüentava mais (capitulo CXXXVIII) as acusações
de seu marido, o que o influenciava mais ainda em acreditar no adultério.
Por fim, no capitulo
CXLVIII (quase no final do livro), o nosso Dom Casmurro confessa que
estava errado o tempo todo.
Lembrando que este
estudo foi baseado somente na versão escrita por Machado de Assis,
em primeira pessoa (sendo o narrador Bento Santiago, o acusador). Deixarei
um final incabível para quem pretende uma posição final, uma solução,
contradigo meus argumentos acima citando Dalton Trevisan: “Se Capitu
não traiu Bentinho, Machado de Assis se chama José de Alencar”.



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