Capitães DE AREIA
(Jorge Amado)
CAPITÃES DE AREIA
Agora vou lhes contar um causo
Que um velho amigo me contou
É uma história um pouco triste
Mas também um causo de amor
Que ocorreu lá na Bahia
Uma terra de muita alegria
Na cidade de Salvador.
É a história de alguns meninos
Valentes e até desalmados
Que sofreram muito na vida
Por terem sido abandonados
E quem nos conta essa saga
Com uma emoção rebuscada
É o grade escritor Jorge Amado.
Sobre a areia da praia
E sob o ardor da revolta
Meninos se viam forçados
A seguirem caminho sem volta
Praticando o que não se devia
Roubando de noite, dormindo de dia.
Sobrevivendo como o diabo gosta.
No trapiche havia meninos
De “toda vicidade”
Tinha um poeta e um preguiçoso
Um sem perna atentado
Um com vocação para padre
E outro que pro crime era chamado
Havia um cangaceiro como Lampião
Um conquistador “garanhão”
E até um meio afeminado.
No bando havia um líder
Menino de pouca idade
Homem pelos seus gestos
Não temia a dureza da cidade.
Orientava seus seguidores
Enfrentava bandidos e senhores
Para o seu bando ser bem guardado.
Tinha nome sugestivo
O menino de quem se fala
Valente de “sangue nos olhos”
Não levava desaforo para casa.
Amava os seus companheiros
Era justo com seus trejeitos
O menino homem Pedro Bala.
Um dia montou-se na pracinha
Um parque de diversão
E em seus olhos surgiram estrelas
E em suas alminhas a ilusão
De poderem se divertir
No carrossel poderem subir
Despregando seus pés do chão.
Foi naquele carrossel brilhante
Que o sonho foi realizar
Lavaram as suas almas
Soltando estrelinhas no ar
Correndo entre os cavalos
Passeando de olhos cravados
Deixando seus medos voar.
Pedro Bala um certo dia
Teve que decidir um destino
De uma menina que veio ao trapiche
Trazendo consigo um irmãozinho
E por não ter para onde ir
Fez a sua morada ali
Cheia de meiguice e carinho
Dora logo despertou no chefe
Que tinha fama de durão
Um certo calor amoroso
Com o sabor de uma paixão
Dissolveu as suas barreiras
E adentrou marota e faceira
Naquele jovem coração.
Envolvidos num amor ardente
Envolveram-se numa confusão
Pedro e Dora foram presos
E sofreram muito na prisão
Foram espancados até quase à morte
E Dora com pouca sorte
Sucumbiu sem compaixão.
No dia em que a morte chegou
Mudando os rumos de um destino
Disseminou-se ali a tristeza
Estreitando os laços de carinho
E essa morte sedenta
Malvada um coração arrebenta
Levando o amor do menino.
Morta o amor de Pedro
A vida toma outro sentido
Com as dores que não cabiam no peito
Entrega-se ao recanto e abrigo
E o trapiche que a muitos acolheu
Nessa hora parece que morreu
E a todos deu novo destino.
Depois que a vida perdeu o sentido
Com a morte da menina Dora
Os meninos se dispersaram
E foram viver novas histórias
Cada um seguiu seu caminho
Tentando prosseguir sozinhos
Buscando cada um sua glória.
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