Memorial do Convento (de José Saramago) - Um Romance Histórico?
(Luís Cardoso)
Segundo Saramago, a criação da história é influenciada pela visão de tempo, tal como um harmónio que se estende ou encolhe, em que os tempos podem tornar-se contíguos uns dos outros, como é visível ao longo do romance, já que o reinado de D. João V é descrito tanto fisicamente como no domínio sociocultural.
Sendo Saramago um autor de uma história, dentro da própria História, a fronteira entre a história e a ficção não é linear porque a estratégia narrativa entrecruza três planos, com relevo da ficção sobre a História, a qual é mais importante que o plano do Fantástico. Assim, o plano da História Portuguesa no século XVIII, marcado pela inquisição, funde-se com a ficção da História e com o Fantástico, desde a criação da Passarola ao romance entre Blimunda e Baltasar.
O título indica a influência temporal relativa à construção do Convento de Mafra, porém, é em torno do amor entre Blimunda e Baltasar que o tempo é demarcado, pois é essencial, para o autor, que um romance tenha uma história de amor.
Não obstante, inversamente ao movimento típico dos romances históricos, Saramago invoca o passado através de um modo irónico de alcançar a memória, olhando do presente, e não leva o presente ao passado; assim sendo, o ser e o tempo são colocados em contacto e confronto.
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