Somos TODOS CRIMINOSOS EM POTENCIAL
(Oscar Aguilar Cañas)
Ao acordar esta manhã me senti vigiado por uma câmera de segurança que eu mesmo instalei a título de experiência e também com a finalidade de acertar algumas configurações. Antes de ir para o meu trabalho toquei a campainha da vizinha para entregar uma correspondência que foi deixada pelo correio na minha casa, por engano. Senti-me vigiado porque ao tocar a campainha a câmera que está instalada na porta da vizinha girou 45 graus como procurando o melhor ângulo para me focar.
No trajeto que faço da minha casa até o meu trabalho, aproximadamente 40 quilômetros, fui vigiado pelos radares fotográficos. Quem sabe se a placa do meu carro foi checada para verificar se é carro roubado ou se tem atraso do IPVA; senti-me vigiado não apenas pelos radares fotográficos, mas também pelas câmeras de segurança espalhadas pelas avenidas e vias principais, sem levar em conta aquelas que me vigiavam dos parques, edifícios, sem eu saber exatamente onde estavam instaladas.
Garanto que ninguém fica despercebido pelas câmeras de segurança, mas se você for negro pode ter certeza que é um alvo preferido para ser vigiado. As câmeras estão detectando a cor da pele.
Ao chegar ao meu trabalho me senti novamente vigiado porque há câmeras no escritório que nos vigiam durante o tempo do serviço. Desconfio que todo e qualquer procedimento que faço no computador seja indevidamente registrado para, um possível, posterior uso, utilizando os históricos de visitas a sites ou através de cookies.
Ao deixar o meu trabalho, de volta para casa, passei no shopping mais próximo, estava apressado porque senti muita dor de barriga. Ao entrar no shopping a primeira coisa que vi foram as câmeras de segurança, elas me recepcionaram; dentro do shopping, inúmeras câmeras de segurança, dei uma olhada dissimuladamente e pude constatar que havia uma câmera a cada 50 metros, em cada corredor. Entrei no banheiro apressado, momentos depois me senti aliviado, mas ao mesmo tempo me senti incômodo ao olhar para cima e não perceber nenhuma câmera de segurança. Você pensa que não estão lhe vigiando? Estão!
Aproveitei a minha permanência no shopping e fui até o caixa eletrônico fazer uma retirada, uma câmera instalada no próprio caixa eletrônico me fitava a apenas 70 centímetros de distância. Voltei para casa, vigiado pelos radares fotográficos, ao chegar em casa me senti vigiado pela câmera que eu mesmo instalei. Não tenho idéia de quantas vezes fui captado pelas câmeras de segurança naquele dia. Não sei se fui alvo de alguém que inadvertidamente me registrou na câmera do seu celular. Mais tarde na hora do Jornal Nacional, senti-me vigiado pelos repórteres. Na hora de dormir, depois de apagar a luz senti-me vigiado mesmo na escuridão do meu quarto e até mesmo nos sonhos que tive naquela noite senti-me vigiado.
Atualmente é comum encontrar na rua pessoas portadoras de celulares com câmeras acopladas capazes de captar imagens da mais alta qualidade em detrimento da privacidade das pessoas. Não importa o lugar que você freqüenta, milhares de pessoas são vigiadas por câmeras escondidas quando estão nos seus trabalhos, mas não há leis nem estatutos, nem mesmo leis trabalhistas que protejam o trabalhador contra essa violação. Há quem diga que se o patrão avisa a seus empregados da existência de câmeras de segurança ele está agindo dentro da legalidade.
Muitas violações são praticadas em nome da segurança. Muitas vezes a vigilância eletrônica ultrapassa os seus limites tornando a prática abusiva. Há inúmeros casos sobre abusos desta natureza, sabe-se até de motéis flagrados filmando seus clientes. Mas a pergunta é: as câmeras de segurança evitam a violência? Não há evidencias claras de que isso aconteça. A minha opinião é de que não evitam a violência, algumas vezes, quando bem instaladas, ajudam a identificar criminosos.
Partindo do principio que todos somos criminosos em potencial, quem então irá vigiar o dono da indústria de vigilância eletrônica e os seus companheiros?
Todos sabem que a indústria da vigilância eletrônica é próspera, o setor cresce cada vez mais e o tamanho das câmeras diminui na exata proporção. Já se ouve falar em câmeras que detectam a idade e o sexo das pessoas e até traduzem o que as pessoas falam através do movimento dos lábios. A indústria da vigilância eletrônica não se conformou com obter as imagens ela quer também a palavra. Mas um dia não terão mais direito à palavra, será o dia em que não poderão mais acusar. Qual será o Próximo desafio? Ninguém sabe, por enquanto por favor, chamem o meu advogado.
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