Ao SABOR DA CORRENTE
(J. BRITO SOUSA)
Um dos objectivos da minha condição de reformado está a ser cumprido. Refiro-me `a ocupação do tempo, que, sendo todo livre é preciso ocupá-lo. E tenho feito isso com algum empenho e êxito. Quero dizer, ainda preciso de mais tempo do que aquele que tenho livre. .
Escrevo sobre muita coisa ou talvez escreva muita coisa Às vezes penso que podia publicar, outras vezes penso que isso seria um perfeito disparate. Por um lado, acho que seria uma mau escritor que é o que eu estou a falar. . Mas, como reivindico o direito de sonhar, para aqui vou alinhavando umas ideias dentro do contexto, o que é que será melhor para mim agora. Este agora é o presente onde eu vivo. O Fernando Pessoa é que falou dessas coisas. Mas eu também posso falar
Gosto do passado em geral. No particular há algumas coisinhas que eu procuro evitar. Não são coisas graves, aliás, vendo bem as coisas nada é grave... Mas assumo-as. Penso que é um mal geral, fazer-se umas coisas boas outras menos boas. Mas o caminho faz-se caminhando.
O meu presente é simples e dá-me prazer estar em sua companhia. Discuto e resmungo com ele. Por minha vontade estaria sempre nele. E com ele, Queria que o presente parasse um bocado.. para atrasar um bocado o futuro, agora que eu já não preciso do futuro para nada. O meu futuro é o meu bem estar e às vezes ele desaparece e fico meio doido.. porque se não tenho bem estar estou intranquilo.
O bem estar deveria ser uma condição imprescindível à Humanidade. Deveria pensar-se mais nisso. O que é que custa mudar as mentalidades. Eu acho que se tivessem ido ao funeral do meu padrasto teriam percebido isso facilmente. O senhor abade explicou a coisa muito bem. Dizia ele, naquela meia hora que antecedeu a ida para a cova. Tens automóvel? .. perguntava para a assistência.... e, como que a responder sim.. apontava para o caixão como quem diz.. com ou sem automóvel vais mesmo parar ao caixote.. Ora, como podem ver, não vale a pena explorar os trabalhadores porque não te safas. Tens frigorífico.. tens isto tens aquilo... e a resposta era sempre a mesma. E ia dar à cova.
Poderíamos pensar nesta coisa mais seriamente. A base é sempre a mesma. Os recursos disponíveis. Se tivéssemos consciência plena desta situação talvez que houvesse boa vontade na solução do problema. Porque admito que as pessoas, mesmo os ricos, tenham medo das voltas que a vida dá. Há aqui um problema que terá de ser salvaguardado para que a partir daqui se tomem decisões. É a terceira idade. Todavia este assunto da segurança na terceira idade assusta e de tal modo é assim, que as pessoas pretendem assegurar uma certa estabilidade financeira para ganhar uma certa tranquilidade que não temos. Porque, no nosso País, particularmente, o sistema de saúde a nível de coberturas é muito pouco credível dispondo de poucos apoios.
Se os governos pudessem resolver o problema dos reformados, com seriedade, talvez proporcionasse a estes, que têm muito dinheiro, um estado de gratidão tal, que fizesse com que estes vissem a necessidade que o mundo tem de mudar.
SOUSAFARIAS
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