Ainda há esperança para a família? Revendo as relações pais/filhos
(Márcia Atik)
Estamos todos aqui, há várias semanas, acompanhando, ainda estupefatos, o levantamento feito pelos órgãos criminais competentes, e através dos boletins fornecidos pelos diferentes canais da mídia impressa e falada, a cobertura do assassinato covarde de uma garota de seis anos incompletos, a inocente e indefesa Isabella. O fato da violência cometida por adultos contra crianças e adolescentes, convenhamos, já faz parte de nosso cotidiano, pois todos os dias são noticiadas diferentes formas de abuso contra esses seres em formação. Já há algum tempo venho buscando alertar, insistentemente, a respeito das condições humanas atuais, das transgressões que vêm sendocometidas e, muito especificamente, dessanova concepção de família que se incorporou na sociedade. Sinaliza-se para um aumento progressivo de separações e de novas uniões, em que homens e mulheres vivenciam, continuamente, diferentes parcerias e, portanto, novas formas de convivência relacional. Abordo, com relação a essas novas uniões, quanto essas “trocas” são prejudiciais para crianças e adolescentes oriundos desses “casamentos”, pois elas desestruturam a vida afetiva, o desenvolvimento psíquico e emocional dos seres dependentes que são de uma boa orientação e segurança familiar. Quase que diariamente temos sido notificados de atos desumanos, pavorosos, praticados por mães/pais com relação a seus filhos e, ao mesmo tempo, como esses vêm maltratando seus pais, especialmente quando chegam à velhice. Foi com esse intuito que me aprofundei na reflexão iniciada pela autora acima citada em seu artigo, cujo título acima se apresenta, quando toda a população, encontra-se surpreendida por uma notícia tão chocante como a do assassinato da menina Isabella. “O assunto é tão dilacerante que o melhor seria nem evocá-lo, mas há momentos em que não dá. Entãotemos que nos aproximar da realidade, de modo crítico e reflexivo”. Não há como não nos indignarmos diante dos fortes indícios, publicados pela mídia escrita e falada, de que o próprio pai e a madrasta da garota teriam sido os assassinos de Isabella. E é aí que o bicho pega, até porque, há muitos e muitos anos, faz parte da cultura popular, “a idéia sagrada que temos do pai e da mãe, como ligados ao mito da proteção, da vida e, principalmente, da sobrevivência. ” Fica inadmissível aceitar que, quem deveria protegê-la, seu pai (afinal, eram apenas dois dias de um final de semana de contato), possa vir a ser a pessoa que está sendo indiciada, tendo como cúmplice sua nova parceira, pelo homicídio da própria filha. Daí, a importância da pergunta inicial: ainda há esperança da sociedade retomar o verdadeiro sentido de humanidade? Sinceramente, não saberia responder com otimismo a tal indagação. A única certeza que podemos ter é que essas crianças, filhos de pais e mães diferentes, vêm sofrendo um processo de alteração e deterioração psíquica e os âmbitos, afetivo e emocional de cada um deles já estão comprometidos Não sei e nem estou apta a afirmar nada a respeito do assassinato de Isabella, mesmo porque, nada ainda foi concluído oficialmente. Porém, ao finalizar, acredito ser importante salientar que ”nenhuma tragédia acontece de repente, sempre tem um aspecto de crônica anunciada, seja pelo tipo de relacionamento ou por situações precedentes”. Enquanto o homem continuar sendo dominado pelas paixões que vêm se sobrepondo à razão (cuja função é a de fazer com que o indivíduo reflita sobre si mesmo eseusatos), certamente permanecerá provocando sua gradativa degradação pessoal e social. Também há o império do egocentrismo no mundo e ele tem sido o causador do afrouxamento das relações pais/filhos e gerador das incompreensões que deterioram as relações familiares, responsável pelo aumento de agressões. Fica, pois, muito difícil, diante de tantas perversidades e aberrações cometidas, pelo ser humano, dia após dia, manter acesa a chama da esperança com relação ao tipo de futuro que aguarda nossas criança
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